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Contra a Indiferença

A visão de um cidadão activo e inconformado com certos aspectos e da sociedade.

A visão de um cidadão activo e inconformado com certos aspectos e da sociedade.

Contra a Indiferença

11
Mai10

O fim da Pobreza e da Miséria: uma exigência ética, moral e social mais que justa: imprescindível!

Fernando Nobre

Que ninguém tenha qualquer dúvida: sem a erradicação da pobreza e da miséria no Mundo, e em Portugal, ou pelo menos uma demonstração inequívoca duma vontade política determinada em se avançar decisivamente nesse sentido, a sociedade humana caminhará inelutavelmente para a violência e a insegurança extremadas. Não se trata de futurologia nem premonição mas apenas de um diagnóstico social que receio estar certo.

 

Já o disse e escrevi repetidamente: se não acabarmos com essa grande vergonha mundial, mas também nacional, seremos todos responsáveis pelo advir funesto, cujos sinais, até hoje ignorados e desprezados, já são mais que visíveis.

 

Ou os países ricos desenvolvem imediatamente uma verdadeira política de desenvolvimento em prol dos povos dos países menos desenvolvidos e dos seus próprios excluídos, e exigem sem contemplações nem permissividades o fim da corrupção e da má governação desenfreadas por parte de quem os governa há pelo menos trinta anos, ou então o “caldo está mesmo entornado” e viveremos uma  revolução violenta, que já germina, de contornos inimagináveis.

 

Nada poderá impedir que os famintos se atirem contra as barreiras de arame farpado, de minas ou de metralhadoras que estão a ser erguidas para supostamente defender a nossa fortaleza evitando que eles se sentem à nossa mesa, farta de proteccionismo, de subsídios agrícolas que aniquilam povos esquecidos e nos enfermam numa obscena e mortal obesidade. Os famintos encontrarão, como sempre encontraram na História da Humanidade, líderes para os guiarem nessa caminhada de sofrimento mas sem escapatória. Não tenhamos ilusões: como no passado, nada poderá impedir a caminhada, o êxodo, de milhões e milhões de pessoas para a visão do Eldorado que eles se fazem do nosso mundo quando comparado com o seu mísero mundo quotidiano.

 

Para quem sabe um pouco de História sabe perfeitamente como acabou o decadente e farto, de orgias e de vómitos, Império Romano...

 

Está a Europa, bloqueada por líderes incompetentes e insensíveis escudados na sua visão ultraliberal autista, absolutista e em manifesta falência, preparada para impedir, com acções decisivas, inteligentes e humanistas, que tal aconteça? Tal exigiria uma mudança radical dos seus líderes, do seu discurso e sobretudo da sua acção.

     

Sinceramente duvido. E mais...temo muito que já seja tarde. Alguns pensarão: mais um Velho do Restelo! Enganam-se redondamente. Contrariamente ao que muitos “opinion makers” dizem, quantas vezes sustentados apenas por conhecimentos desfocados porque puramente livrescos e teóricos nutridos por discussões de café tão ociosas quanto vácuas e desfocadas, o que eu digo é sustentado no que observo com preocupação e tristeza nas sete partidas do Mundo há quase três décadas.

 

Se o viajado Infante Dom Pedro (o malogrado de Alfarrobeira) tivesse sido escutado e compreendido na primeira metade do Século XV...

 

Não há pois mais tempo a perder. Como cidadãos globais que queremos e devemos ser, nós os Portugueses, mais do que ninguém, temos que exigir que os Objectivos do Milénio sejam atingidos em 2015 como prometeram os governantes do mundo inteiro na Cimeira do Milénio das Nações Unidas, em Nova Iorque, no ano 2000. Não podemos permitir nenhuma escapatória nem desculpa: se há dinheiro, muitas centenas de biliões de dólares ou euros, para corromper governos, comprar armas e financiar todas as guerras, mesmo as mais espúrias, como a do Iraque, também tem que haver meios para se acabar com essa vergonha imunda, a Pobreza, a Fome, a Humilhação silenciosa e ensurdecedora dos miseráveis que estou farto de observar pelo Mundo mas também no nosso país. Não tolero vê-los morrer como moscas, por fome, bala ou doenças esquecidas, sem um grito porque esmagados por uma, quanto a mim, inaceitável fatalidade. É uma questão de decência. É um imperativo de consciência. Tem de ser A Causa Mundial, tal deve ser também A nossa Causa Nacional.

 

Para alguns estarei a ser, mais uma vez... politicamente incorrecto: ainda bem! Entendo que ao ponto em que a nossa sociedade humana chegou é imperioso gritar, mesmo se forem só gritinhos de rato, e tentarmos ser sobretudo e apenas humanamente correctos. É tão só isso que me move: doa a quem doer. Também me dói a mim ver o que vejo, viver o que vivo... Grito em nome dos famintos e dos miseráveis silenciados e sem voz com quem me encontro, quantas vezes impotente, há tanto tempo e em todos os continentes.

 

O tempo das palavras passou. Eis chegado o momento das grandes opções e da acção.

 

Acabar com a Pobreza e a Miséria, também entre nós, é imperioso, é inalienável: é simplesmente uma questão de inteligência, de humanismo. Só assim poderemos continuar em Democracia, em Paz e em Segurança.

 

TEM QUE SER e, como digo aos meus filhos e a mim próprio, O QUE TEM DE SER TEM MUITA FORÇA.

 

TEM QUE SER. Desculpem-me a veemência e obrigado.

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