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Contra a Indiferença

A visão de um cidadão activo e inconformado com certos aspectos e da sociedade.

A visão de um cidadão activo e inconformado com certos aspectos e da sociedade.

Contra a Indiferença

29
Mar09

A crise sistémica: algumas das minhas certezas...

Fernando Nobre

Posso desde já afirmar algumas certezas, pese embora as dúvidas e inquietações que me assolam, sobre o que nos está a acontecer e sobre o que poderá advir, em Portugal e no Mundo, se não soubermos reagir…

 

Algumas certezas:


- Sem o restabelecimento da insubstituível CONFIANÇA entre os cidadãos, os governantes, os empresários e o sistema financeiro, vulgo banca, será de todo impossível sair-se da presente espiral negativa criada pela ganância e a irresponsabilidade de uma certa “liderança” enferma de egocentrismo e indiferença.


A desconfiança hoje profundamente enraizada em todos os quadrantes da sociedade é o factor decisivo que condiciona negativamente tudo o resto.


Sem se tomarem as decisões imprescindíveis e urgentes na política e na justiça (regulamentações diversas, julgamento rápido dos prevaricadores e imediata confiscação de todos os seus bens, estejam onde eles estiverem, em seus nomes ou não…), decisões que devem ser vistas como essenciais par a salubridade ética e moral de uma sociedade e de um sistema financeiro completamente pervertidos porque engendrados por mentes enfermas de ganância, sem o mínimo bom senso, e desconectadas da realidade, a CONFIANÇA não regressará e então nada será possível. Nem em 2009, 2010, 2011, ou 2012…


- A derrocada em curso já provocou pelo menos o surgimento de mais duas centenas de milhões de pobres no Mundo: nos países mais pobres mas também no seio dos países até agora definidos como ricos ou desenvolvidos. A esse respeito a procissão só agora chegou ao adro e mais centenas de milhões de pobres e de miseráveis surgirão até que se consiga estancar a hemorragia do desemprego e da desesperança.


– Sem uma MUDANÇA RADICAL DO PARADIGMA sobre o qual se alicerçou a Sociedade Humana vigente, há décadas ou mesmo há séculos, não há saída sustentável para a actual crise sistémica. Se essa MUDANÇA PROFUNDA DE COMPORTAMENTOS não ocorrer, e quanto mais depressa melhor, podemos estar certos que a instabilidade financeira, económica, social e política irá agravar-se e desembocará numa crise de regime profunda em todo o Mundo que gerará conflitos globais, sociais e militares, tremendos.


Não é por acaso, meus amigos, que se assiste desde já a manifestações da fome e que todas as grandes potências têm em curso aumentos orçamentais brutais e acelerados para o reforço e a modernização dos seus arsenais bélicos: algo de extremamente grave está em gestação.


Os “líderes actuais” responsáveis da “Ideologia Económica do Desastre”, por convicção ideológica ultraliberal, por subserviência ou demissão perante o desregulado poder financeiro ou por mera ganância ou incompetência, não pensem que bastará apenas fazer uma superficial cirurgia estética (para povo ver e ser ludibriado), para continuarem, ficando tudo na mesma, a actuar como fizeram até hoje!


Tal não será exequível, pois não só é anunciadora de desastres ainda mais profundos mas também porque os povos já não querem mais esse sistema gerador de profundas desigualdades e de indizível sofrimento. Repito: vai ser necessária uma MUDANÇA RADICAL DE PARADIGMA DAS MENTALIDADES, DAS POLÍTICAS E DOS GOVERNANTES A TODOS OS NIVEIS. UMA NOVA SOCIEDADE ESTÁ EM MARCHA E É IMPARÁVEL. QUEM AINDA NÃO ENTENDEU ISSO NÃO PERCEBEU NADA, NÃO OLHA PARA O FUTURO E ESTÁ A QUERER MERGULHAR-NOS NO ABISMO.
CABE DESDE JÁ, OU CABERÁ MUITO EM BREVE, À SOCIEDADE CÍVIL MUNDIAL SOLIDÁRIA ERGUER A MURALHA CONTRA A DESGRAÇA.


- Os mercados terão que ser muito mais regulados, as Off Shores (paraísos das fraudes e outras evasões fiscais) terão que ser banidas, os Estados vão ter que controlar os pilares mestres do seu sistema bancário, segurador, energético e hídrico (e não abrir mão evidentemente dos seus sistemas de segurança interna e externa assim como das suas relações exteriores…), e será necessário regulamentar com um mínimo de ética e bom senso as obscenas disparidades actuais nos salários (e outros bónus) e nas reformas!


- É urgentíssima a estabilização do Mercado e o fim dos cortejos de despedimentos, dos layoff e dos trabalhos precários, causas, senão mesmo sinónimos, de maior pobreza e miséria. É agora porque em 2010, 2011 ou 2012 já será tarde demais porque com o rebentamento das Bombas Sociais o equilíbrio societário será rompido com consequências imprevisíveis!


O expoente máximo dessa miséria humana reflecte-se nas situações, verdadeiramente dramáticas, vividas pelos sem-abrigo. A AMI sabe alguma coisa a esse respeito pelo acompanhamento que faz dessa problemática (com os seus 9 Centros Porta Amiga e os seus 2 Abrigos para os sem-abrigo), há já 15 anos no nosso País!


É pois urgentíssimo o combate estruturado e sem tréguas à pobreza. Há anos que falo e escrevo sobre essa matéria. Temos de fazer do combate à nossa pobreza, a nossa grande vergonha colectiva, uma verdadeira CAUSA NACIONAL (e GLOBAL!). Afirmei-o ainda recentemente perante o Senhor Presidente da República, Professor Cavaco Silva, o qual, na sua conferência de imprensa, no final da honrosa visita que fez às instalações da AMI na cidade do Porto, por ocasião do seu 5º Roteiro para a Inclusão, também salientou a necessidade desta Causa Nacional.

 
Meus Amigos, estas são algumas das minhas certezas, ou das minhas “verdades”, que convosco quis partilhar.

 

24
Mar09

A actualidade em 2059

Fernando Nobre

Hoje, para ser diferente, publico um texto que escrevi para o Rádio Clube Português (e que foi debatido ontem das 16h às 17h) sobre a actualidade em 2059. É um texto, obviamente, futurista. Mas é o resultado de um desafio lançado por aquela rádio e que me deu algum prazer integrar. Porque considero que, muitas vezes, o que falta aos dirigentes é uma visão de longo prazo, o ir mais além e projectar as decisões de hoje, numa realidade do amanhã.

 

Aproveito para vos dizer, meus amigos, que irei ao Senegal na próxima semana, pelo que estarei, outra vez, um pouco ausente... e que no dia 6 de Abril, pelas 18h30, apresentarei, no Teatro São Luiz, juntamente com a Dra. Ana Gomes, o próximo livro do Doutor Mário Soares, amigo que muito estimo, "Um Mundo em Mudança" - Uma nova era de mudança está a começar.

 

 

É muito difícil, quase impossível, tendo em conta o número de variáveis que podem influenciar a História e a aceleração brutal da revolução global em curso (que atinge todos os paramentos da condição humana), prever a actualidade em 2059. Nessa altura já cá não estarei para poder ser confrontado com os meus vaticínios…
Em 2059, ultrapassado e vencido um longo período tenebroso da História da Humanidade, prevejo que se perspective já uma nova Aurora para todos os seres humanos do nosso planeta, a Terra.
Durante o período das trevas (1980 a 2040), iniciado por um desnorte intenso do paradigma civilizacional surgido nas duas últimas décadas do século XX, os seres humanos na sua globalidade assistiram, pagando um elevadíssimo preço em sofrimentos, isolamento, miséria e morte, ao cavalgar frenético dos novos cavaleiros do apocalipse: Indiferença, Intolerância, Ganância e Irresponsabilidade.
Foram esses cavaleiros que durante cerca de 60 anos conduziram a Humanidade para o desnorte e o quase apocalipse total. Tal só não se concretizou devido ao surgimento, fortalecimento e acção de uma Cidadania Global Solidária apostada em implementar e alastrar a solidariedade, liberdade e ética a todo o planeta.
O encadeamento dos acontecimentos durante esse período negro foi assustador e resultou em inúmeras crises, guerras, genocídios. As causas foram: desregulamento total do mercado; ultra liberalismo selvagem; submissão e subserviência das políticas governativas e seus governantes às poderosíssimas e descontroladas forças financeiras; produção e consumo energéticos predominantemente, quase exclusivamente, dependentes de matérias fósseis muito poluentes do Ambiente; continuada corrida aos armamentos e aos confrontos bélicos.
Durante esse período negro, durante o qual morrerei, as forças positivas da Cidadania Global Solidária foram-se consolidando e consciencializando mas só por volta de 2040 se tornaram decisivas impondo a nova fase em que a Humanidade se encontra hoje em 2059. Enfim começa-se a vislumbrar para breve, o alcance das sonhadas metas de desenvolvimento sustentável propostas há tantas décadas. Os oito objectivos do milénio, definidos e aprovados numa cimeira do longínquo ano de 2000, serão uma realidade em 2055. As energias renováveis limpas já representam 80% do total das energias produzidas e representarão 100% em 2060, o que vai permitir impedir o agravar do desgaste ambiental sofrido durante os últimos 150 anos e garantir a salvação do nosso planeta para os próximos séculos.
O sistema financeiro, enfim regulado e eficientemente fiscalizado, está ao serviço e ao dispor do bem comum estando as offshore e a especulação sobre matérias essenciais proibidas.
O arsenal atómico foi destruído e instalou-se uma moratória para o fabrico de armamento convencional para os próximos 50 anos. O sistema Jurídico Internacional foi reordenado com novas organizações globais verdadeiramente democráticas, que substituíram os caducos NU, FMI, BM, OMC, OCDE …, ao serviço da Paz, dos Direitos Humanos, do Ambiente e do Desenvolvimento Global.

Em resumo: Por volta de 2040 estaremos a sair do período das trevas, onde já estamos e que se irá agravar nas próximas três décadas com tremendas crises que abalarão as Democracias (crises financeiras, sociais, políticas, militares…), para em 2059 começarmos a entrar num novo ciclo de Paz e Harmonia: a nova Aurora tão desejada pela esmagadora maioria dos povos do nosso planeta.


19
Mar09

Velhos Valores, Novos Desafios

Fernando Nobre

 

Republico este texto porque tudo se mantém actual... foi escrito para uma intervenção feita no âmbito das Comemorações das Bodas de Diamante do Corpo Nacional de Escutas.

 

 

Antes de mais acredito que os velhos valores são valores perenes, valores que se prendem com a solidariedade, com a tolerância, com a ética, com o cavalheirismo, com o respeito da vida, com o humanismo, com a família, com o altruísmo, com a honra, com a palavra dada e seria bom que esses valores continuassem vivos entre nós. Pugnar por esses valores é pugnar pela luta pela verdade, pela justiça, pela liberdade, pelo amor, pela fraternidade. Diria que é uma luta gloriosa de todos os tempos: passados, presentes e futuros. Diria mesmo que todos esses valores são mandamentos universais.

 

Mas a luta pelos velhos valores coloca-nos novos desafios. Esses novos desafios de que falarei em breve impõem a intervenção de todas as almas generosas, de todos os homens de boa vontade, de todos os espíritos livres e implica que, desde já, estejamos “sempre alerta”. Sei inclusive que esse é o vosso lema. “O escuta deve estar sempre alerta”, o que quer dizer: estar pronto a actuar em favor do outro, na ajuda ao outro. Estar sempre alerta é estar atento, é não ser indiferente, é estar pronto a actuar em nome da solidariedade, do humanismo, da tolerância, da ética e do altruísmo. É isso que é fundamental que todos tenhamos: um estado de espírito novo para desafios novos.

 

Vocês, jovens, vão ter de enfrentar esses novos desafios. Alguns são velhos como a humanidade: a luta contra a indiferença pelo outro, contra o egoísmo e a intolerância, mas é um facto que estes desafios conhecem hoje uma nova actualidade. É verdade que cada vez mais vivemos numa sociedade do paradoxo: se por um lado há cada vez mais seres humanos conscientes do seu dever de intervenção cívica, por outro lado há egoísmos exacerbados. Insiste-se cada vez mais e quase permanentemente na importância do eu, esse eu que neste fim de século é o centro de todas as atenções e o motivo de todos os desvarios. Estamos num mundo em profunda aceleração, em profunda instabilidade, em profunda transição. Estamos num mundo onde a intolerância e a indiferença estão a atingir picos inaceitáveis, estamos num mundo onde se elegeu um novo deus, o Mercado, em nome do qual tudo parece querer ser feito e tudo parece ter justificação. Querem-nos fazer crer que o liberalismo selvagem é o único sistema possível. Que o sistema que se baseia essencialmente sobre uma especulação financeira sem rosto e de ganância pura é o único sistema possível para o futuro da humanidade. É o “deus finança”, é o novo mundo da especulação, das leis do mercado, de uma globalização puramente financeira enquanto se põe de parte aquela globalização que efectivamente interessa, a globalização dos valores, a globalização da ética, a globalização da cultura, a globalização da tolerância, a globalização que teria que se fazer para que a humanidade no seu todo pudesse evoluir de forma harmoniosa. Estamos no mundo dos dois pesos e das duas medidas, estamos no mundo onde se perde de vista o fundamental que é o sagrado da vida, estamos num mundo onde a exclusão social galopa, onda a bomba social se armadilha, onde os atropelados do sistema, os drogados e os sem abrigo, se amontoam. Estamos num mundo onde os 5 membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que deveriam zelar e velar mais do que quaisquer outros pela paz e pela segurança no mundo, são os maiores produtores e vendedores de armas. Estamos num mundo onde o Estado perdeu importância, onde os grupos económicos multinacionais se substituíram muitas vezes aos Estados, tendo inclusive orçamentos superiores a muitos Estados, onde a política abdicou das suas responsabilidades, desregulamentando a nossa sociedade em termos até hoje nunca vistos. Estamos num mundo que aceita viver resignadamente, ao que parece, com a exclusão de uma parte importante da sua sociedade, estamos num mundo em que 1/5 da sua população vive em situação de miséria e 1/3 em situação de pobreza.

 

Mas é também neste mundo que, felizmente, despontam factores extremamente positivos. Em primeiro lugar, uma juventude da qual vocês fazem parte, juventude insubmissa, juventude crítica, juventude que nos interpela e com toda a razão, juventude que cada vez mais se integra nos movimentos associativos da sociedade civil. Este é, sem dúvida nenhuma, um grande factor de esperança, numa sociedade que está pronta a assumir uma cidadania global. Uma sociedade civil que exige participar, que exige ser escutada, que quer ser activa, interveniente, interpelativa, que pugna por valores e defende, por exemplo, o perdão da dívida dos países mais endividados, pugnando por uma solidariedade efectiva junto das populações mais deserdadas. Uma sociedade civil que pugna pela defesa do meio ambiente, que pugna pelo estabelecimento de um Tribunal Penal Internacional que fará com que os criminosos do mundo inteiro não possam mais fugir à justiça, que pugna pelo fim da venda de armas ligeiras e das minas anti-pessoais, e tudo isso representa uma enorme esperança. Estou certo que este pulsar de vontades da sociedade civil mundial encontrará formas de se fazer ouvir.

 

Eu sou daqueles que afirmam, cada vez mais, que para que possamos viver numa sociedade harmoniosa e equilibrada é fundamental que três pilares essenciais a sustentem: o pilar do Estado, representado pelos seus políticos e pelos seus sistemas democraticamente eleitos e estruturados, o pilar da sociedade civil cujas instituições organizadas possam intervir e ser permanentemente escutadas e o pilar do mercado, da verdadeira economia e não da especulação e do jogo. É fundamental que esses três pilares, ou que esses três vértices da base da pirâmide estejam equilibrados e é fundamental que no topo da pirâmide estejam as preocupações sociais e humanas também representadas e defendidas pela sociedade civil. Acredito que só pela educação e pela formação cívica é que tal conceito ideal poderá ser atingido. Acredito que vocês, escutas, têm essa preocupação e estou certo que partilham o conceito de cidadania mundial, da sociedade universal também defendida por vários autores como o senegalês Leopold Sedar Senghor.

 

Um aspecto que se destaca desde já em termos do segundo sector, o sector do mundo empresarial, é o aparecimento do conceito de cidadania empresarial que interioriza a tomada de consciência social por parte das empresas.

 

Isso é extremamente positivo. Isto quer dizer que em todos os sectores-chave da sociedade humana estamos a assistir a uma evolução espiritual, ao desenvolvimento de uma preocupação social e isso é sem dúvida extremamente positivo. Outro aspecto muito positivo é a mobilidade das pessoas, o que faz com que tomem consciência de que efectivamente vivemos num mundo sem fronteiras, num mundo global. Já não tem cabimento a invocação do Direito de não-Ingerência em relação a outros povos quando está em jogo a genuína intervenção humanitária. Nós somos todos globalmente responsáveis pelas infelicidades e pelos extermínios de povos, em que o século XX, infelizmente, tem sido tão fértil.

 

Acho que o que está em jogo, no final de tudo isto, e o que pretende essa evolução positiva do mundo, é recentrar o Homem nas nossas preocupações. O Homem é mais importante do que os números dos parâmetros económicos. É mais importante saber se os homens vivem melhor e são mais felizes do que estarmos sempre preocupados com o lucro, a competitividade e a produtividade. Reparem, meus queridos amigos, nunca se acumulou tanta riqueza, nunca se produziu tanto como hoje na História da Humanidade, mas também é verdade que nunca tanto como hoje as disparidades foram tão brutais. Os 250 homens mais ricos do mundo detêm tanta riqueza como metade da população mundial, a saber 3 mil milhões de pessoas. É um caminhar suicidário, e é isso que temos de parar. É preciso redistribuir, é preciso valorizar o esforço, é preciso valorizar as competências, é preciso investir na formação cívica, na formação escolar, na saúde, nas estruturas de lazer, é preciso investir na defesa do meio ambiente e, a esse respeito, diria que vocês, escutas, têm também uma função primordial. Desde a Cimeira Mundial do Rio de Janeiro, em 1992, sobre o meio ambiente, pouco ou nada foi feito. É fundamental que se consigam atingir padrões mínimos de poluição para que, amanhã, os vossos filhos, netos e bisnetos possam continuar a viver num mundo respirável.

 

Em conclusão, eu diria que estamos em plena III Revolução Mundial. A primeira, como é sabido, foi a passagem do nomadismo à sedentarização, com a agricultura. A segunda foi a Revolução Industrial que durou algumas centenas de anos e agora estamos na terceira revolução, a revolução tecnológica e da informação, que levará apenas algumas décadas para se afirmar. Porque estamos no olho do furacão dessa mesma revolução, muitas vezes não nos apercebemos da dimensão do que está a acontecer. Estamos a viver a revolução da mentalidade humana, estamos a viver uma revolução tecnológica fabulosa, estamos a viver a revolução que se traduz numa globalização extremamente acelerada, pese embora essa globalização já ter começado há muito, visto que começou com os romanos e alargou-se com as descobertas dos marinheiros portugueses. Estamos numa revolução das telecomunicações que faz com que efectivamente tudo se saiba em momento real. O Mundo, hoje, é global mas é preciso que não seja só global do ponto de vista das finanças e da especulação bolsista. Ele tem de ter outras vertentes. Estejam alerta, meus queridos amigos escutas, porque nada é perene e ainda menos a democracia. O fascismo, o nacional-fascismo, a xenofobia e o egoísmo feroz estão à espreita e, se nós deixarmos de estar em situação de alerta, esses ismos contidos nos fundamentalismos e nos extremismos de toda a espécie virão à superfície e desencadearão catástrofes. Preparem-se, meus amigos, vêm aí tempos difíceis. Desculpem-me se estou a ser alarmista mas de facto estou alarmado, estou preocupado. O século XXI vai precisar, antes de mais, de solidariedade e de verdadeira cooperação, vai precisar também de muita esperança, de muita responsabilidade, vai precisar que a palavra volte a ser respeitada, que a honra volte a ser um valor querido e respeitado. A minha geração - a geração de Maio de 68 - não correspondeu às expectativas criadas. Lembro-me que, nessa altura, liderei uma greve estudantil no meu liceu em Bruxelas. Pena é que tantos dessa geração se tenham acomodado, se tenham instalado nas poltronas do poder e tenham renegado o seu espírito de esperança, o seu espírito de combate. É pois fundamental, meus amigos, que continuemos a cultivar os valores universais referidos no início desta palestra. O que vos transmito é um grito de alma, é um grito do coração, é uma grito de revolta. Tenho a certeza que a mudança das mentalidades está já em curso e que um novo paradigma do homem está em preparação: serão vocês. Sejamos sábios. Às vezes quando falo com responsáveis, ou aparentemente responsáveis, digo-lhes que, se não for por humanismo temos de actuar com inteligência, não podemos estar a criar exclusão à nossa volta porque, se assim for, vamos ter momentos muito difíceis. Não podemos aceitar que no século XXI regressem as guerras nucleares, não podemos permitir que no século XXI haja guerras por causa do petróleo ou da água..., não podemos permitir que a África seja esquecida, abandonada. As Nações Unidas terão de ser renovadas, repensadas, com novos países a fazerem parte do seu Conselho de Segurança de forma permanente e não podemos permitir que as Nações Unidas sejam reféns de uma única potência. Sabemos todos que o descalabro a Leste já está organizado. Temos de restabelecer equilíbrios, temos, e esse é o meu sonho, de chegar a ter um governo mundial de autênticos sábios humanistas que saibam gerir o mundo com Humanidade, mas também com regras e que saibam fazer respeitar essas regras. Tenho confiança e esperança na vossa juventude, sejam participativos e generosos. Diria, para parafrasear o Padre António Vieira que numa carta de 30 de Junho de 1671 dizia ter vontade de ver os portugueses, (e os outros acrescento eu) a viver melhor e gozar o privilégio de uma pátria mais justa, fraterna, arrumada, moderna e inovadora. Eu diria que aspiro isso para toda a humanidade, aspiro ao fim da indiferença, aspiro ao fim da intolerância, apelo a maior criatividade, a maior capacidade de solidariedade, a maior capacidade de adaptação aos novos tempos. Não se conformem: vocês são a esperança da humanidade. Se é verdade que se diz que a primeira fase da vida é essencialmente “ser” , e que a segunda fase da vida, que é a minha, é sobretudo “ter” - o que corresponde muitas vezes a perder o ideal - peço-vos, meus amigos, que continuem a “ser”. Não nos esqueçamos de que, quando deixarmos este mundo, vamos deixar aqui tudo o que possuímos, levaremos apenas o que somos. É isso que temos de ter sempre presente quando pensamos no verbo ser e no verbo ter.

 

Um grande abraço a todos vós e repito: tenho esperança na vossa juventude. Sei que serão capazes de enfrentar os enormes desafios que aí vêm.

 

Muito obrigado.

 

PS -  Como teria gostado de não ter razão há já 11 anos. Quanto tempo perdido... há tanto tempo que me bato por isto... 

19
Mar09

Nota pessoal

Fernando Nobre

 

Meus Caros Amigos,

 

circunstâncias de vária ordem obrigam-me a estar, por enquanto, um pouco apartado do meu assíduo contacto convosco por intermédio deste meu blog.


Estou convicto que, normalizadas estas passageiras perturbações (saúde), regressarei em breve, com a mesma regularidade e força, aos profícuos contactos que mantive convosco até hoje.


Em breve escreverei sobre a Guiné - Bissau que muito amo, e onde a AMI está há quase 22 anos, e sobre a Água e o nosso futuro colectivo…


Até lá, não me levem a mal, partilharei convosco reflexões que escrevi há já algum tempo mas que, considero, mantêm toda a sua razão de ser. Não sinto nenhum orgulho em ter tido razão antes do tempo. Quem me dera que me tivesse enganado redondamente em matérias com as quais apenas agora, de repente, os ditos grandes “líderes” europeus e mundiais se começam a preocupar, aparentemente, e sobre as quais vão tomando medidas insuficientes à espera de melhores dias para voltarem a fazer mais do mesmo.


Enquanto não entenderem que o que está verdadeiramente em causa é uma imperiosa e profunda necessidade de mudança do paradigma das relações entre os seres humanos, nada será duradouro e as crises se sucederão com o seu infindável cortejo de sofrimento para muitas centenas de milhões de seres humanos.


Temos que apostar nos Valores Universais, tais como Amor, Ética, Equidade, Justiça, Tolerância, Perdão, Solidariedade, Fraternidade, Dignidade, Honra, Civismo…sem os quais nada será possível nomeadamente o restabelecimento da insubstituível e indispensável Confiança entre os Cidadãos, o Estado e o Mercado.


Era já essa a tónica da minha intervenção, que publicarei no próximo post, aos jovens Escutas há já quase onze anos! Oxalá algo se tenha enraizado nas mentes de alguns jovens das largas centenas que na altura me ouviram…
 

15
Mar09

Cobaias Humanas – os testes de medicamentos no "3º mundo"

Fernando Nobre

Republico hoje a introdução que tive a honra de escrever para um dos livros que recomendo este mês, por achar que é um assunto pertinente e muitas vezes votado ao esquecimento ou obscurecido por aqueles a quem interessa que nao se saiba.


O livro de Sonia Shah, “As cobaias humanas – os testes de medicamentos no 3º mundo”, conta uma história de terror, infelizmente verídica! Ainda há pouco tempo, um amigo médico africano, com elevadas responsabilidades num organismo das Nações Unidas, contou-me as enormes pressões a que foi submetido para que desse cobertura ética e científica a um ensaio terapêutico que não respeitava minimamente as normas e os cânones exigidos pelos protocolos internacionalmente aceites sobre ensaios medicamentosos... O livro de Sonia Shah, fruto de uma investigação aprofundada e séria cita, e bem, nomes da indústria farmacêutica que, muitas vezes sob a cobertura de empresas de fachada, “testas de ferro”, praticam uma das mais abomináveis violações dos Direitos Humanos ao pôr em risco a integridade física de seres humanos, quando não a própria vida, sem o seu informado consentimento.


Essas actividades ilegais, verdadeiros crimes bioéticos, são sempre praticados junto dos grupos humanos mais miseráveis dos países mais vulneráveis, pese embora também nos países “mais” desenvolvidos tais actividades já tenham sido levadas a cabo no passado, em prisões e em asilos para deficientes psíquicos e mentais. Ao fim e ao cabo, a sinistra epopeia dos médicos malditos nazis durante a II Guerra Mundial não foi assim há tanto tempo…


Os desvarios bem documentados por Sonia Shah, que também dá rosto humano a muitas das esquecidas vítimas, são sempre eticamente condenáveis, porque como já referi, são verdadeiros crimes que deveriam ser exemplarmente punidos. Esses crimes só são possíveis, porque as empresas e as pessoas que os praticam estão enfermas com os vírus da ganância e da indiferença que as incentivam a praticar actos bárbaros na procura de ganhos financeiros astronómicos mesmo, e sobretudo, á custa de vidas alheias, porque miseráveis e anónimas.


Este livro fala de uma imoralidade monstruosa praticada contra vidas indefesas e contra a consciência humana. Esses pseudo-testes medicamentosos são levados a cabo com a exclusiva finalidade do embuste e do lucro sem limites, violando brutalmente os protocolos e preceitos ético-científicos internacionalmente conhecidos, junto de populações miseráveis como já referi, mas que faço questão de repetir, em países onde muitos responsáveis políticos e administrativos, médicos ou não, se mostram particularmente sensíveis e moldáveis à corrupção desses vampiros encobertos de “respeitabilidade”…


Quando seres humanos são vistos como meras cobaias sem qualquer direito perante empresários e cientistas gananciosos e amorais, enclausurados nas suas torres de marfim está mais do que justificado o livro corajoso que temos entre mãos.


É essencial relembrar que, como está escrito nos princípios de base da Declaração de Helsínquia, o bem individual da pessoa deve sempre prevalecer, em qualquer ensaio clínico, sobre os interesses da ciência e da sociedade. É também útil relembrar aos médicos e enfermeiros que a nossa razão de ser é o desejo de atenuar o sofrimento e de lutar pelos nossos doentes!


Sonia Shah, com este livro, pôs o dedo numa das chagas vivas do nosso tempo. Faço votos para que as pessoas leiam este livro, pois esta, como outras chagas da nossa Humanidade, têm cura. Para tal, bastará que não olhemos para o lado e nos empenhemos todos na luta contra a miséria humana e o subdesenvolvimento, pântano onde todas as sanguessugas se deleitam. Só com o fortalecimento da Cidadania Global Solidária, última muralha contra os horrores e os terrores como os que são aqui magistralmente retratado por Sonia Shaha, será possível pôr-se termo definitivamente a este tipo de desvario.


Por isso, obrigado e bem haja, Sonia! Este seu livro é mais uma pedra na edificação de uma Humanidade de valores que sonho, que todos sonhamos….

 

06
Mar09

Eis o tempo de reagir!

Fernando Nobre

É chegado o tempo da acção e da opção: sempre pela Positiva!
Pois a Esperança não pode morrer!

 

É sabido que estamos a viver tempos muito difíceis e que os próximos, 2010- 2011…, serão provavelmente ainda mais duros.
Sabemos que o ultra liberalismo selvagem, erguido como novo “deus” inquestionável e dogmático, foi o errado paradigma de sociedade que enfermou boa parte das mentes das “elites” políticas, económicas e financeiras que governaram o nosso Mundo nas últimas décadas.


Esse sistema que estava errado nas suas premissas, a boa auto-regulação dos mercados e a correcta redistribuição da riqueza produzida, e que favoreceu de forma medonha o egoísmo feroz e o ego doentio da esmagadora maioria dos seus mentores e executantes, provocou uma derrocada de dimensões ainda inimagináveis.


Porque indiferentes perante a miséria e o sofrimento da maioria significativa da população do nosso planeta, esses “líderes” dos Direitos, e apenas e só dos Direitos, entraram em levitação estratosférica, eufórica e irresponsável, drogados e dopados por todos os produtos tóxicos que criaram, sem os controlar, e pelas engenharias financeiras que engendraram conscientemente para justificarem os seus obscenos salários e miríficos bónus. A infernal espiral estava montada e tinha que ruir, como ruiu, agravando terrivelmente a exploração, o sofrimento e a morte dos mais frágeis no Mundo.


Estamos nesse ponto e caímos num poço que parece não ter fundo. O sistema ruiu de podre e exige ser substituído, e não remendado depressa e toscamente...


Atenção: querem-nos fazer crer, os mesmos que puseram o Mundo num caos e com isso se enriqueceram imenso, criando e beneficiando-se de todo esse desvario, que tudo tem solução com umas pequenas operações plásticas, um pouco de ervanária e muita acção de mau malabarismo. Errado!, como já grito há pelo menos dez anos.


Temos, TODOS, de criar um novo paradigma de Sociedade HUMANA, com novas políticas e novos políticos sempre supervisionados pelos CIDADÃOS.


Na Europa, e em todos os países, tal como aconteceu com Obama nos EUA, pese embora as resistências e limitações existentes à indispensável MUDANÇA que ele tenta introduzir, temos que encontrar NOVOS POLÍTICOS capazes de implementar NOVAS POLÍTICAS mais solidárias, corajosas, éticas e transparentes, e capazes de traçar novos rumos a fim de que possamos sair do charco lamacento e desesperante onde estamos.


Os actuais líderes europeus estão comprometidos, até ao tutano e à exaustão, com o regime que ruiu porque foram eles que o criaram, impulsionaram, defenderam ou permitiram até há bem poucos dias. Lembram-se? Para mim eles JÁ não servem porque não merecem CONFIANÇA, por não terem a mínima CREDIBILIDADE e porque tenho as mais sérias dúvidas da sua genuína vontade e capacidade em serem os agentes da mudança que o Mundo reclama. Não são capazes: é uma questão de coluna vertebral!


Então, o que nos resta? O desespero total? NÃO, nada disso.


Restamos NÓS, OS CIDADÃOS, com o DEVER indeclinável de agarrarmos o nosso futuro, votando em quem quisermos sem nunca mais permitirmos que os políticos, sejam eles quem forem, usem os nossos votos como cheques em branco e com isso fazerem o que bem entendem sem nos consultar como se fossemos uns débeis ou uns carneiros que se deixam levar docilmente ao abate. Esse tempo tem que acabar de vez ou seremos todos co-responsáveis da destruição das nossas vidas e do nosso Planeta.


Como disse tão bem um dia o Doutor Mário Soares temos o direito sagrado à indignação!


Temos que ter a coragem e determinação:
1º - de exigirmos e conseguirmos desde já, na presente crise, que os responsáveis directos desta tremenda derrocada, sejam eles quem forem, sejam responsabilizados criminalmente, sem apelo nem agravo, e tenham os seus bens penhorados até ao limite dos desfalques (= roubos) feitos ao longo dos últimos anos,


2º - de fazermos compreender aos políticos, presentes e futuros, sejam eles quais forem, que não toleraremos nunca mais que:
- o sentido dos nossos votos seja desvirtuado e que, de ora em diante, exigiremos que os compromissos eleitorais sejam respeitados por eles, uma vez eleitos, e que não abdicaremos de ser consultados sempre e quando matérias de relevante interesse Nacional, ou municipal, estejam em causa (como, por exemplo, nos casos recentes: cobertura política e logística vergonhosa da iníqua guerra contra o Iraque, inclusive os voos da CIA, a ratificação ou não do Tratado de Lisboa, a descaracterização da estação fluvial de Alcântara por contentores…).
- o dinheiro dos nossos impostos seja desbaratado pela corrupção ou projectos desnecessários (ex: 10, dez!, estádios de futebol para o Euro 2004)
 

São apenas exemplos… Poderia escrever muito mais mas seria redundante. Penso que ficou claro o que quero dizer:
TEMOS QUE APERFEIÇOAR A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA COM UMA COMPONENTE, ESSENCIAL, DE DEMOCRACIA PARTICIPATIVA EM TERMOS GLOBAIS E LOCAIS E TEMOS QUE REFORÇAR O CONCEITO E A PRÁTICA DA “CIDADANIA GLOBAL SOLIDÁRIA”, NUMA REDE FORTE E COESA, PORQUE INADIÁVEL E INSUBSTITUÍVEL.


Agora em Consciência e Liberdade totais que cada um vote e actue agora e no futuro como lhe aprouver!
 

02
Mar09

Mandatário Nacional nas Eleições para o Parlamento Europeu

Fernando Nobre

Eis o texto que li hoje na apresentação da lista do Bloco de Esquerda, candidata ao Parlamento Europeu, de que aceitei ser mandatário nacional.


Minhas Senhoras, Meus Senhores, Caros Amigas e Amigos,

Quero agradecer, antes de mais, ao Bloco de Esquerda e ao seu cabeça de lista para as Eleições ao Parlamento Europeu, Dr. Miguel Portas, a Honra e a Confiança que em mim depositaram ao convidarem-me para seu Mandatário Nacional para estas Eleições pese embora, como é do conhecimento público, nunca ter pertencido, e não pertencer, ao BE nem a qualquer movimento ou partido político no nosso País.


Aceitei ser Mandatário Nacional do BE para as próximas Eleições ao PE, como Cidadão Independente e a título meramente Pessoal por me rever, enquanto membro assumido de uma Sociedade Civil que se quer activa, exigente, informada, atenta e participativa, nesta candidatura por Três Razões Objectivas e Decisivas:


1- A lista do BE ao PE é constituída por seres humanos de bem, competentes, inconformados, atentos, capazes, intervenientes e, se necessário, politicamente incorrectos. Estou convicto que ousarão pôr o dedo nas feridas e pugnar por novos e indispensáveis paradigmas políticos, éticos, sociais, ambientais, solidários, económicos e financeiros, de que tanto carecemos na Europa e no Mundo. Mais ainda, não tenhamos receio de o afirmar, no contexto actual, particularmente crítico e inquietante, quase de colapso, nos domínios Financeiro, Económico, Social, Político, Ético e até Moral!


Sinceramente acredito que a eleição de uma equipa reforçada do BE no PE é hoje uma questão de salubridade pública e ética, numa Europa paralisada no charco da inércia, da subserviência e de nefastos compromissos. Essa Europa, que repudio, está enferma porque liderada por políticos caducos e profundamente comprometidos com políticas financeiras, económicas, internacionais, educacionais, laborais e sociais erradas que estão na base da derrocada presente.
Essas políticas foram e são contrárias aos interesses e às necessidades da larguíssima maioria dos cidadãos europeus e do Mundo, sobretudo os mais carenciados e frágeis.
Para que se restabeleça a imperiosa CONFIANÇA dos cidadãos europeus, nomeadamente os portugueses, nas estruturas de comando da Europa, é fundamental que se mudem as políticas e os políticos. Tal é vital para a implementação de soluções credíveis, decentes e eficazes. Já começa a estar em causa a salvaguarda da própria Democracia: ainda vamos a tempo de salvar a Democracia na Europa, na condição de nós, os Cidadãos, não nos alhearmos e não nos acomodarmos com o inaceitável. A Europa só se concretizará se nós, os Cidadãos, nos empenharmos na defesa dos nossos Deveres e Direitos e soubermos estar ao lado daqueles que se batem pelos Valores que dignificam a espécie Humana. Só dessa maneira seremos dignos, responsáveis, escutados, respeitados e tranquilizados.
Temos pois TODOS que nos empenhar na procura de soluções credíveis. Razão pela qual aqui estou.

 

2- A lista do BE ao PE é liderada por um ser humano, o Dr. Miguel Portas, que respeito e muito estimo. Somos amigos sem nos frequentarmos: almocei hoje pela primeira vez com ele. Sigo as suas nobres causas há anos. O Dr. Miguel Portas tem procurado sempre, com tacto, educação, sensibilidade, argúcia, argumentação, coerência e competência e simultaneamente com convicção, determinação e entusiasmo, respostas éticas e ponderadas às grandes interrogações do nosso tempo. Inúmeras vezes, sem lho fazer saber, estive em sintonia com ele.
Quer no seu papel de membro do Parlamento Europeu, quer nos seus textos, reportagens, debates e conferências, impregnados de cultura, conhecimento, humildade e humanismo, sempre apreciei a sua postura mesmo quando dele discordava. Como dois seres livres e tolerantes que somos, é normal, e até salutar, a discordância. É no Dialogo, e não nas bombas, que se constroem as pontes que nos devem levar ao entendimento e à convivência pela Paz.

 

3- Após leitura do Compromisso Eleitoral do BE ao PE, senti-me confortado por aí ver transcritas, de forma positiva, inúmeras questões pelas quais me tenho batido e alertado, nos meus gritos contra a indiferença, ao longo de muitos anos:

• Respeito pelos Direitos Humanos,
• Respeito pelo Direito Internacional,
• Defesa do Meio Ambiente,
• Regulamentação e Fiscalização adequadas do Mercado,
• Responsabilização dos Especuladores tóxicos e irresponsáveis porque em levitação estratosférica,
• Fecho das Offshore na Europa e se possível no Mundo,
• Taxação das mais valias das transacções financeiras,
• Proibição da especulação sobre os alimentos,
• Combate sem tréguas contra a Pobreza, a Miséria e a Exclusão Social cuja coexistência é impossível com a Democracia,
• Rejeição das guerras preventivas e outros conflitos fabricados por mentes doentias,
• Controlo dos Armamentos,
• Reforço da Cidadania e promoção da sua efectiva participação,
• Equilíbrio entre a insubstituível Democracia Representativa e uma justa e indispensável componente de Democracia Participativa que potencie sinergias entre os Estados e os seus Povos,
• Procura com Equidade de Soluções justas e aceitáveis para os conflitos no Próximo e Médio Oriente,
• Preocupação com o Desenvolvimento dos países mais frágeis e com o futuro dos seus habitantes quando mesmo entre nós,
• Comercio Justo,
• Rejeição e combate à Corrupção,
• Rejeição da Tortura,
• Rejeição dos voos da CIA que enlamearam a Europa…


E todos esses objectivos e preocupações, não como mera retórica oca ou propagandística, da qual nós cidadãos já estamos cansados e mesmo fartos, mas como vontade genuína e a sincera determinação, assim entendo e acredito, em lutar por propostas concretas e encontrar soluções que vão ao encontro da vontade da esmagadora maioria dos povos europeus, nomeadamente o português.


Tudo isso encontrei no Compromisso Eleitoral do BE para o PE cuja leitura o Dr. Miguel Portas atempadamente me facilitou.

 

Se acrescentar às três razões que acabo de expor, o nome das pessoas, embora não as conhecendo pessoalmente senão hoje, que acompanharão o Dr. Miguel Portas na sua missão ao PE em nome do BE, nomeadamente os Drs. Marisa Matias e Rui Tavares aqui na mesa, que sei defenderem eles também uma sociedade humana menos injusta e mais consentânea com a dignidade de todos os seres humanos, penso ficará clara a razão pela qual aceitei, a título pessoal repito, o muito honroso convite que me foi endereçado pelo Dr. Miguel Portas, em nome do BE, para ser o Mandatário Nacional do BE para as eleições ao PE.


Quero terminar expressando o sincero desejo de ver eleitos para o PE o máximo de candidatos do BE, esperando poder ser-vos útil como Mandatário Nacional.
E agora, sempre pela Positiva, e em nome dos Valores que comungo convosco, peço-vos que lutem por uma Europa melhor e que não nos desiludam quando estiverem longe em Bruxelas, Estrasburgo ou Luxemburgo.... Sei que não o farão. Lutem pelos nossos Valores, por Portugal, e pela dignidade de todos os Seres Humanos: se assim fizerem teremos, todos, uma melhor Europa mas também, um melhor Mundo e um melhor Portugal.
Muito obrigado meus Amigos e disponham de mim para o que vos for útil.

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