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Contra a Indiferença

A visão de um cidadão activo e inconformado com certos aspectos e da sociedade.

A visão de um cidadão activo e inconformado com certos aspectos e da sociedade.

Contra a Indiferença

25
Mai10

Dia de África

Fernando Nobre

Hoje comemora-se o Dia de África.

 

Hoje, não vos falar em números, vou falar-vos de sonhos… 

Como disse o meu querido amigo José Manuel Barata Feyo num brilhante artigo que escreveu na revista Grande Reportagem sobre “O fim das ilusões”, “Os números são sempre enfadonhos. Em África, são cruéis”.

 

Esses números aterradores (avanço dos desertos, guerras civis, máfias diversas, tráfico de armas, mortes infantis, malária, tuberculose, fome, corrupção, prostituição infantil, pobreza, refugiados, etc.) sobejamente conhecidos de todos, são autênticas explosões que só não acordam as consciências mais indiferentes ou em coma. Quanto aos homens e mulheres ainda vivos só lhes resta darem as mãos e fazerem frente pois o grito da revolta pela justiça nunca morrerá.

 

Tenho o sonho de que o Homem seja protegido e acarinhado como o mais precioso dos “monumentos” pois qualquer Homem, como ser vivo, é sem dúvida a obra-prima mais perfeita e única que jamais surgiu no nosso planeta.

 

Sonho em fortalecer o movimento humanitário para que, actuando no terreno e sensibilizando a nossa opinião pública e os nossos governantes, consigamos construir um mundo onde o sofrimento e a miséria deixem de insultar a nossa consciência quantas vezes adormecida. Se assim não for, tornar-nos-emos em breve todos uns desumanos e o próprio conceito de Humanidade será posto em causa.

 

Sonho em construir um mundo melhor, onde os nossos filhos e netos possam viver em paz e harmonia, onde todos possam satisfazer as necessidades básicas vitais e onde a (re)distribuição da riqueza e do conhecimento seja mais equitativa, mais justa.

 

 

É pois com saudável esperança que observo, participo e incentivo o despertar da sociedade civil que quer a valorização do Homem como centro das estratégias e preocupações políticas. Esta orientação, fundamental para o futuro da Humanidade, é espontânea e mundial, e traduz-se na criação massiva de ONG (Organizações Não governamentais) em todos os países.

 

A emergência forte e global da sociedade civil organizada à volta de temas dominantes como a solidariedade, a participação, o combate à pobreza, a tolerância, a ecologia, os direitos humanos, o humanitário é quanto a mim a maior esperança, para não dizer única, de um mundo melhor para os nossos filhos.

 

 

Utopia? Penso sinceramente que não, ainda que não seja por Humanidade mas por  simples pragmatismo e sobrevivência da espécie. Estou convicto que os governos muitas vezes pressionados pelas suas sociedades civis cada vez mais informadas e exigentes (ainda bem!) vão ter que entender que mais importante que o mercado-rei é a política, mais importante que a política é o social, e que mais importante que o social são a moral e a ética humanas. Para a quadratura do círculo em que a minha geração está entalada não há outra alternativa. Só esta mudança radical de comportamento, de mentalidades e de visão nos conduzirá a um mundo melhor. Possam os governantes do mundo ter ousadia, rasgo, vontade política para que, como verdadeiros estadistas, deixem de viver a curto prazo ao sabor das ondas bolsistas e olhem para o infinito sem esquecerem o amanhã.

 

Temos todos um longo caminho a percorrer. Estou consciente que morrerei sem ter alcançado a meta tão desejada mas considero ainda assim que, todos juntos, temos obrigação de não desistir para que outros a venham a alcançar. É essa a nossa única obrigação como seres livres e humanos: tentar lá chegar sem esmorecer mesmo se perdidas algumas ilusões e alguns sonhos.

 

Continuarei a gritar a favor do Homem, a favor de África e contra o absurdo cinismo internacional que permite tanto sofrimento.

 

11
Mai10

O fim da Pobreza e da Miséria: uma exigência ética, moral e social mais que justa: imprescindível!

Fernando Nobre

Que ninguém tenha qualquer dúvida: sem a erradicação da pobreza e da miséria no Mundo, e em Portugal, ou pelo menos uma demonstração inequívoca duma vontade política determinada em se avançar decisivamente nesse sentido, a sociedade humana caminhará inelutavelmente para a violência e a insegurança extremadas. Não se trata de futurologia nem premonição mas apenas de um diagnóstico social que receio estar certo.

 

Já o disse e escrevi repetidamente: se não acabarmos com essa grande vergonha mundial, mas também nacional, seremos todos responsáveis pelo advir funesto, cujos sinais, até hoje ignorados e desprezados, já são mais que visíveis.

 

Ou os países ricos desenvolvem imediatamente uma verdadeira política de desenvolvimento em prol dos povos dos países menos desenvolvidos e dos seus próprios excluídos, e exigem sem contemplações nem permissividades o fim da corrupção e da má governação desenfreadas por parte de quem os governa há pelo menos trinta anos, ou então o “caldo está mesmo entornado” e viveremos uma  revolução violenta, que já germina, de contornos inimagináveis.

 

Nada poderá impedir que os famintos se atirem contra as barreiras de arame farpado, de minas ou de metralhadoras que estão a ser erguidas para supostamente defender a nossa fortaleza evitando que eles se sentem à nossa mesa, farta de proteccionismo, de subsídios agrícolas que aniquilam povos esquecidos e nos enfermam numa obscena e mortal obesidade. Os famintos encontrarão, como sempre encontraram na História da Humanidade, líderes para os guiarem nessa caminhada de sofrimento mas sem escapatória. Não tenhamos ilusões: como no passado, nada poderá impedir a caminhada, o êxodo, de milhões e milhões de pessoas para a visão do Eldorado que eles se fazem do nosso mundo quando comparado com o seu mísero mundo quotidiano.

 

Para quem sabe um pouco de História sabe perfeitamente como acabou o decadente e farto, de orgias e de vómitos, Império Romano...

 

Está a Europa, bloqueada por líderes incompetentes e insensíveis escudados na sua visão ultraliberal autista, absolutista e em manifesta falência, preparada para impedir, com acções decisivas, inteligentes e humanistas, que tal aconteça? Tal exigiria uma mudança radical dos seus líderes, do seu discurso e sobretudo da sua acção.

     

Sinceramente duvido. E mais...temo muito que já seja tarde. Alguns pensarão: mais um Velho do Restelo! Enganam-se redondamente. Contrariamente ao que muitos “opinion makers” dizem, quantas vezes sustentados apenas por conhecimentos desfocados porque puramente livrescos e teóricos nutridos por discussões de café tão ociosas quanto vácuas e desfocadas, o que eu digo é sustentado no que observo com preocupação e tristeza nas sete partidas do Mundo há quase três décadas.

 

Se o viajado Infante Dom Pedro (o malogrado de Alfarrobeira) tivesse sido escutado e compreendido na primeira metade do Século XV...

 

Não há pois mais tempo a perder. Como cidadãos globais que queremos e devemos ser, nós os Portugueses, mais do que ninguém, temos que exigir que os Objectivos do Milénio sejam atingidos em 2015 como prometeram os governantes do mundo inteiro na Cimeira do Milénio das Nações Unidas, em Nova Iorque, no ano 2000. Não podemos permitir nenhuma escapatória nem desculpa: se há dinheiro, muitas centenas de biliões de dólares ou euros, para corromper governos, comprar armas e financiar todas as guerras, mesmo as mais espúrias, como a do Iraque, também tem que haver meios para se acabar com essa vergonha imunda, a Pobreza, a Fome, a Humilhação silenciosa e ensurdecedora dos miseráveis que estou farto de observar pelo Mundo mas também no nosso país. Não tolero vê-los morrer como moscas, por fome, bala ou doenças esquecidas, sem um grito porque esmagados por uma, quanto a mim, inaceitável fatalidade. É uma questão de decência. É um imperativo de consciência. Tem de ser A Causa Mundial, tal deve ser também A nossa Causa Nacional.

 

Para alguns estarei a ser, mais uma vez... politicamente incorrecto: ainda bem! Entendo que ao ponto em que a nossa sociedade humana chegou é imperioso gritar, mesmo se forem só gritinhos de rato, e tentarmos ser sobretudo e apenas humanamente correctos. É tão só isso que me move: doa a quem doer. Também me dói a mim ver o que vejo, viver o que vivo... Grito em nome dos famintos e dos miseráveis silenciados e sem voz com quem me encontro, quantas vezes impotente, há tanto tempo e em todos os continentes.

 

O tempo das palavras passou. Eis chegado o momento das grandes opções e da acção.

 

Acabar com a Pobreza e a Miséria, também entre nós, é imperioso, é inalienável: é simplesmente uma questão de inteligência, de humanismo. Só assim poderemos continuar em Democracia, em Paz e em Segurança.

 

TEM QUE SER e, como digo aos meus filhos e a mim próprio, O QUE TEM DE SER TEM MUITA FORÇA.

 

TEM QUE SER. Desculpem-me a veemência e obrigado.

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- "Um conto de Natal", Oficina do Livro

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