Juventude – Sinónimo de Sonhos e de Esperança
Cada vez que entro numa sala repleta de jovens, sinto-me inspirado e esperançoso, porque acredito na força, na generosidade, na coragem, na solidariedade e na capacidade de sonhar da nossa juventude.
É por isso que, neste dia que lhes foi atribuído pela ONU, que marca também o início do Ano Internacional da Juventude, dedicado ao diálogo e à compreensão mútua, quero deixar algumas palavras aos nossos jovens, não de paternalismo, mas de incentivo, alerta e partilha de ideias.
Tenho apenas uma pretensão: a de ser um espírito livre. Acredito que a consciência humana é o que há de mais belo porque, quando impoluta, é inquebrantável, indomável e não se vende.
Acredito e isto é algo que venho preconizando há muitos anos, que a Intolerância e a Indiferença são as duas piores doenças da Humanidade. Para mim, efectivamente, são essas as doenças que mais ódios, guerras, genocídios, fome e sofrimento causaram, ou permitiram a sua existência, desde sempre, no Mundo. Essa é pelo menos a convicção que tenho e a leitura que faço quando reflicto sobre as causas dos inúmeros conflitos que já presenciei.
Ser contra a Intolerância é simplesmente ser pela aceitação do OUTRO, com as suas diferenças, é simplesmente “não fazermos ao outro o que não gostaríamos que nos fizessem a nós”. É não humilharmos o outro, com a nossa prepotência, arrogância e superioridade mas estendermos-lhe uma mão amiga, aberta, para tentarmos caminhar juntos!
Ser contra a Indiferença é preocuparmo-nos com o OUTRO, não olhá-lo como se fosse transparente! É abrirmos os olhos e os ouvidos ao sofrimento alheio, aos gemidos e gritos de dor do nosso semelhante, mesmo se está nos longínquos Afeganistão, Palestina, Israel, Ruanda, Congo ou Iraque.
Sou, por isso, pela Liberdade, pela Paz e pela Solidariedade, que não são mais do que ousar ir, se necessário, a contra corrente de políticas desumanas, ser humanamente correcto, mesmo se para tal for preciso ser politicamente incorrecto, pugnar pelos valores fundamentais e universais, ou seja, querer um Mundo com dignidade, justiça e progresso para todos!
Entendo que há momentos em que todo o ser humano tem o dever indeclinável de dar um grito de protesto, por imperativo de consciência. É o que tenho feito e espero poder continuar a fazer, enquanto tiver força e oportunidade, contra as injustiças, venham elas de onde vierem.
Peço-vos, por isso, para reagirem. À escala individual, sejamos solidários. Não à indiferença, não à intolerância. Tenhamos a coragem de fazer a diferença e lutar juntos.
Estou ciente de que o Mundo perfeito nos é inacessível, mas creio que é possível sonharmos e pugnarmos por um Mundo melhor e mais justo onde a ética e as questões sociais, ambientais e culturais estejam no vértice das preocupações e intenções humanas.
Para que este outro Mundo seja possível - um Mundo multirracial, multireligioso e multicultural -, é essencial criarem-se pontes e interdependências, tendo como suportes básicos a tolerância, a liberdade, a solidariedade e o ecumenismo.
Sim, sonho e quero esse Mundo mais justo, mais ético, mais solidário, mais digno e mais honroso para todos. Em nome do Ser Humano, em nome de todos nós. É absolutamente necessário.
Não é fácil e, nem sempre agradável, essa luta, e a conquista desse novo mundo surge, na maior parte das vezes, como uma utopia, mas uma conquista só merece ser chamada como tal, quando se ultrapassaram obstáculos para a obter. E o segredo, se é que existe, queridos Amigos, é nunca desistir, qualquer que seja a adversidade.