Para um Portugal e um Mundo mais justo e harmonioso.
Enquanto homem que pretende ser activo na Sociedade Civil portuguesa e mundial, cometeria “um crime por omissão” ao não me pronunciar sobre os assuntos que dizem respeito a todos.
Portugal, seria absurdo nega-lo, enfrenta problemas que, sem serem catastróficos, são muito graves e carecem de urgente, empenhada e determinada resolução. De nada vale silencia-los, pois só se resolvem enfrentando-os e não negando-os com visões de curto prazo e demagogia que só demonstram a ausência de uma estratégia clara e de uma firme vontade em se ir avante com as reformas de que o país carece. O essencial sobre os problemas está dito e redito. Está feito o diagnóstico sobre os críticos sectores da saúde, da educação, da justiça, da agricultura, da defesa, da política externa… que são débeis porque débeis são a nossa organização, a nossa vontade e determinação políticas, a nossa economia e a nossa sociedade civil.
Nenhum de nós pode nem poderá estar satisfeito enquanto houver pessoas sem-abrigo, reformas de miséria, precariedade no trabalho, doentes que ficam meses à espera de uma operação; enquanto centenas dos nossos estudantes forem obrigados a emigrar para se formarem; enquanto as nossas universidades não se expurgarem do supérfluo e inútil e não deixarem de ter os parcos orçamentos que têm; enquanto, por norma, for preciso esperar anos para se fazer justiça; enquanto se privilegiarem com o erário público os “elefantes brancos” e os buracos sem fundo, em vez de se investir em hospitais, em escolas, apetrechos para universidades e centros de pesquisa, na luta contra a exclusão social e na melhoria da reforma dos idosos; enquanto os campos do nosso Interior se forem despovoando; enquanto os nossos ex-combatentes e as nossas Forças Armadas não forem devidamente reconhecidos e dignificados; enquanto a nossa política externa continuar a ter o orçamento mísero que tem; enquanto não se der a devida importância às nossas comunidades de emigrantes e imigrantes; enquanto a nossa sociedade civil for fraca, ignorada e mesmo, por vezes, ostracizada; enquanto a nossa economia não for competitiva e cidadã.
Se não superarmos tudo isto e o muito que ficou por dizer, ninguém, nem Estado, nem Mercado, nem nós – Sociedade Civil – (em suma, os três pilares que, quando equilibrados, são a essência de uma sociedade civil humana e harmoniosa), repito, ninguém, poderá dormir descansado, pois não teremos conseguido criar todos, em conjunto, a sociedade justa e ética de que Portugal precisa e que merece.
Falta vontade, organização, aprumo, dignidade e transparência na definição das prioridades. E depois, rigor, determinação e empenho no seu cumprimento.
São grandes os desafios e os obstáculos, sem dúvida, mas sinceramente creio que Portugal os vencerá se acreditar que é possível e se para tal for devidamente motivado.
Só com rigor, só sobrepondo o mérito, a competência e as provas dadas à cunha e ao clientelismo, só com profissionalismo, só com uma estratégia clara quanto às prioridades nacionais, só com transparência na gestão das contas públicas, só com genuína e sincera abertura à sociedade civil, chamando-a a intervir e a participar, só com um combate sem quartel à corrupção que mina a eficácia e a dignidade nacionais, só com mensagens e acções mobilizadoras que vençam o desânimo e o pessimismo instalados, será possível debelar a crise moral, social e económica que parece ter-se instalado. Para isso serão precisas decisões e opções políticas sérias e corajosas, que enfrentem alguns interesses instalados, que substituam intenções vagas, por medidas concretas e combatam, sem tréguas, a demagogia, o cinismo, a tibieza, a ligeireza e a superficialidade.
A grave crise latente no sistema político representativo, tendo na linha de mira a própria democracia, é um sinal de alerta de que todos temos de ter consciência. Tal como o Mundo de hoje tão injusto e ameaçador, Portugal, o nosso País, precisa de Estadistas, quero dizer, de políticos que não se demitam das suas responsabilidades e que façam da correcta gestão do bem público, a sua prioridade, não esquecendo nunca que a ÉTICA, a ESTABILIDADE, e a EQUIDADE SOCIAIS, deverão estar sempre presentes no momento da tomada de decisões.
Peço-vos pois, a quem lê o que escrevo, que contribuam decisivamente, num verdadeiro compromisso de Sociedade Civil, para um Portugal mais dinâmico, mais ético, mais solidário, digno e regulado. Para um Portugal com um projecto de sociedade e onde uma nova cultura cívica e de responsabilidade valorize o esforço e traga de volta uma visão estratégica de que D. João II foi, no plano histórico, o nosso maior exemplo. Assim, com opções e prioridades claras, poderemos de novo acreditar e sonhar com largos horizontes, empolgando-nos, dando-nos esperança a todos, em nome de Portugal.
Portugal pode não ter a força das armas nem a dos dinheiros, mas poderá sempre ter a força de ler o Direito e proclamar a Justiça, à luz dos Direitos Humanos. Designadamente, dando o exemplo.
O que aqui deixo expresso é válido para qualquer país do Mundo.
O NOSSO Mundo.