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Contra a Indiferença

A visão de um cidadão activo e inconformado com certos aspectos e da sociedade.

A visão de um cidadão activo e inconformado com certos aspectos e da sociedade.

Contra a Indiferença

13
Abr11

Declaração

Fernando Nobre

 

Aceitei o convite que me foi dirigido pelo Dr. Pedro Passos Coelho para ser candidato a deputado, com o estatuto de independente, para cabeça de lista por Lisboa e ainda para a minha indigitação como candidato a Presidente da Assembleia da República.

Foi uma decisão muito difícil. Fi-lo depois de prolongada reflexão e ponderando com profundidade e seriedade todos os interesses atendíveis.

Depois da minha candidatura Presidencial e da caminhada que comigo fizeram milhares de portugueses, muitos desiludidos com a política e sequiosos de encontrar uma alternativa de Cidadania, não foi simples nem óbvio para mim encontrar a resposta justa e assertiva ao desejo que o Dr. Pedro Passos Coelho me colocou.

O País vive uma situação dramática, os tempos que nos aguardam são espinhosos e duros, estamos carecidos de rumo e é preciso encontrar plataformas de entendimento que nos permitam abrir os caminhos do futuro.

Não há mais tempo a perder. Não há mais tempo para esperar que os problemas se resolvam por si.

Eu acredito, e disso dei conta aos portugueses, que todos temos o dever de participar. O facto de termos o direito de sermos independentes não nos livra da responsabilidade de contribuir para o futuro colectivo.

Não era meu propósito ser deputado, e disso de resto dei público conhecimento em recente entrevista a um Semanário. Não era essa a via pela qual acreditava poder continuar a missão que me propusera.

Mas o projecto que me foi apresentado pelo Dr. Pedro Passos Coelho é bem mais amplo, para além de que preserva a minha autonomia e independência.

Pela primeira vez na história da Democracia Portuguesa, um Cidadão independente, sem vinculo partidário, poderá contribuir, com a sua intervenção, na gestão da politica, num lugar de tão grande relevância como é a Presidência do Parlamento.

Isso terá óbvias consequências no entendimento e credibilização da acção politica, bem como será, espero, um estímulo para uma participação mais activa dos cidadãos na vida política do País.

Tentarei com empenhamento total contribuir para a reconciliação dos cidadãos com a prática politica, para que diminua a abstenção, e para que os cidadãos voltem a acreditar que existe esperança, porque são possíveis práticas politicas alternativas.    

Acredito nas intenções do Dr. Passos Coelho e revejo-me em muitos dos argumentos que me apresentou e no modelo que, em conjunto,idealizámos como uma via para ajudar a desbloquear o nosso sistema político que hoje está desfasado do País e da vida dos Portugueses.

Sei que poderei ser alvo de muitas incompreensões, de outras tantas críticas e até do desprezo de muitos, mas o que me determinou foi a convicção de que poderei servir o meu País e ser útil a Portugal. Sou antes de mais um homem de acção e um patriota.

Serei um Presidente da Assembleia da República escrupulosamente respeitador das instituições e do Estado mas não renegarei nunca as minhas convicções, a minha vocação de humanista, e os valores e desígnios da Cidadania.

Acredito que, com trabalho e diálogo permanente com os grupos parlamentares, é possível reforçar a confiança dos portugueses no seu parlamento e estabelecer novas formas de relação com a sociedade civil.

Estou já a preparar um programa que submeterei aos futuros líderes parlamentares para gerar mais consensos, para reforçar o regime e a democracia, para abrir novas oportunidades de auscultação e diálogo com os cidadãos.

Terei uma intervenção activa, transparente e mobilizadora. Tudo farei para que o exemplo restitua a esperança e a esperança constitua um factor de unidade em torno da reconstrução de Portugal.

Não há nenhum compromisso que valha o papel em que foi escrito se esquecer o povo como principal protagonista do esforço de desenvolvimento de Portugal.

Acredito que, mesmo quando os tempos parecem adversos e o caminho sem saída, os nossos problemas podem ser ultrapassados.

O que Portugal precisa é que se forme um sentimento de Justiça e Solidariedade para todos, independentemente das suas crenças e opções.

O que realmente necessitamos é que pessoas com opiniões diferentes se juntem, com respeito mútuo, para cooperar nas soluções dos nossos problemas.

Portugal e a Democracia não têm tempo a perder. Por isso aceitei este desafio. Mais uma vez com espírito de missão e de consciência tranquila, porque sinto que é hoje e não amanhã que devo servir o meu País.

Conto com todos os que comigo se têm genuinamente batido pela defesa dos direitos civis e sociais e por uma cidadania activa que apresente soluções concretas para os problemas urgentes da nossa sociedade.

Esta não é a hora de estar calado e acomodado.

Nunca Portugal necessitou tanto que todos os cidadãos assumam as suas responsabilidades e façam ouvir a sua voz.

Se todos nascemos livres e iguais em dignidade e direitos, não há tempo melhor que este para exercermos com determinação e responsabilidade os nossos deveres.

Foi a pensar nos que não têm voz e no futuro das novas gerações que tomei esta decisão.

 

 

Lisboa  10 de Abril 2011

13
Nov09

Espiritualidade

Fernando Nobre

Poderá parecer estranho a muitos, e em particular a quem me julga conhecer, que eu me debruce, mesmo que sucinta e superficialmente, sobre um tema difícil, sensível, para alguns esotérico ou nebuloso até.


Eu, médico, especialista em cirurgia e em urologia, que participei em tantas missões humanitárias concretas, na tentativa quantas vezes infrutífera e inglória de salvar umas vidas. Eu, o homem com os pés bem enraizados no solo terreno, porque se assim não fosse não teria sobrevivido sem enlouquecer, de tanto ter convivido com o sofrimento alheio, e até com o meu, o que tenho eu a ver com a espiritualidade e até mesmo com a religiosidade?


Mas tudo! Nunca poderia ter feito o pouco que fiz se não tivesse os pés bem enterrados e simultaneamente a cabeça, nas “nuvens”! Foi porque permanentemente me interroguei sobre a minha própria essência e sobre a razão profunda de ser da minha efémera existência, que sempre levantei os olhos para os meus semelhantes e para o “céu” à procura de explicações e, porque não dizê-lo, de consolo.


À eterna questão que sempre se me colocou com particular acuidade, “de onde venho e para onde vou”, questão eterna que desde tempos imemoriais o ser humano racional se coloca (ainda há uns anos a vi gravada no México numa estela Olmeca do século VIII d.C.), a pouco e pouco fui encontrando resposta no contacto com outros povos, outras culturas e com alguns violentos embates que a vida, geralmente generosa para comigo, me foi reservando.


Hoje sei (é das poucas certezas que tenho nesta fase outonal da minha passagem terrena) que a razão de ser da minha existência é - sortudo que fui em nascer com o acesso ilimitado à cultura, ao conhecimento e aos outros povos – a de tentar dar o meu contributo para que os meus irmãos do mundo sofram menos e para que todos eles, assim como a minha mulher, meus filhos, familiares e amigos possam viver com dignidade e, se possível, contribuir um pouco para a sua felicidade.


Membro de uma cadeia fraterna sem fim, vinda de nenhures e a caminho da sua total plenitude e harmonia, eu, poeira infinitérrima, sou insubstituível, como todos vós, porque sou único e parcela dessa entidade que se convencionou apelidar de Deus ou de outros milhares de nomes. Sem mim, sem vós, sem todos nós em união, esse Deus está incompleto e possivelmente ferido de morte.


Para mim, é esse o sentido da Espiritualidade. Sem essa Força que move montanhas, continentes, planetas e galáxias, nada seria possível! Só Ela permitirá que ultrapassemos os nossos mortíferos egoísmo, indiferença, intolerância e ganância que tantos genocídios tem praticado entre nós, fazendo-nos compreender o seu completo “não senso”.
Só ela, a Espiritualidade, nos permitirá, com “os pés no chão e a mente no rodopio das galáxias” vencer os desafios globais e implementar soluções esperançosas como a Espiritualidade Global Fraterna.


Já tenho idade, vivências e conhecimentos acumulados suficientes para dizer exactamente o que penso, quando e onde entender, sem insultar ninguém.


A Espiritualidade exige frontalidade com Amor. Pouco me importa o que as carpideiras disserem. A minha preocupação é deixar bem claro quais são as minhas opções de fundo e qual é a visão que eu tenho para o Mundo, o Universo e o meu País, Portugal. Esse é o meu Dever e o meu Direito mais sagrados de que não abdicarei jamais como ser livre e centelha divina que sou, à semelhança de todos vós.


Acredito que a verdadeira e bem entendida Espiritualidade nos conduz inevitavelmente para o valor mais sublime: a Solidariedade activa para com o nosso irmão mais infeliz, último nome de Amor.

 

Assim acredito. Assim tento e tentarei actuar até ao fim: com dignidade e coerência teimarei em dar o meu singelo contributo para que entendamos todos que o que está verdadeiramente em causa é uma imperiosa e profunda mudança do paradigma das relações entre os seres humanos. Se assim não for, nada será duradouro e as Crises suceder-se-ão com o seu infindável cortejo de sofrimento para muitas centenas de milhões de seres humanos.


Temos que apostar nos Valores Universais, tais como o Amor, a Ética, a Equidade, a Justiça, a Tolerância, o Perdão, a Solidariedade, a Fraternidade, a Dignidade, a Honra e o Civismo… sem os quais nada será possível, nomeadamente o restabelecimento da insubstituível e indispensável confiança entre os Cidadãos, o Estado e o Mercado. Isso também é Espiritualidade…

 

08
Set09

Condomínio Terra

Fernando Nobre

Aqui fica o último texto que escrevi para editorial da AMInotícias, distribuída na passada semana. Da Cidade do México, onde estou para a reunião anual do Departamento de Informação Pública das Nações Unidas com a Sociedade Civil, na qual faço questão de participar sempre (que este ano, com toda a pertinência, versa sobre o desarmamento - pela paz e pelo desenvolvimento), deixo uma nota pessoal: aceitei integrar a Comissão de Honra da recandidatura de António d'Orey Capucho à Autarquia de Cascais, uma vez que sou munícipe deste Concelho há 15 anos e me sinto, naturalmente, envolvido no futuro do Município. Mais uma vez, a minha decisão tem como única origem a minha consciência e única causa o que penso ser o meu dever de cidadão independente e livre.

 

O meu envolvimento em iniciativas relacionadas com eleições nacionais (legislativas ou autárquicas) fica, garantidamente, reduzido a esta opção, que, repito, é estritamente pessoal.

 

 

Só a partir de Galileu, pese embora a ortodoxia das cúpulas da Igreja Católica que insistiam na tese de Copérnico em ver não só o nosso Planeta como ponto central do nosso Sistema Solar, mas até de todo o Universo, a Humanidade começou a entender, progressivamente, que o nosso Planeta mais não era do que um dos corpos em movimento à volta da estrela Sol, como esta não era mais do que um dos centenas de milhar de pontos luminosos da nossa Galáxia Via Láctea e que esta mais não era do que uma das mais pequenas galáxias das centenas de milhar, ou milhões, de galáxias em perpétuo valsar no infinito Universo, em expansão (para onde… se ele já é infinito?) ou em contracção o que simplesmente ultrapassa o meu fraco entendimento de ser finito.
Agora uma coisa é certa: desde o Renascimento, em poucos míseros séculos à escala temporal universal, passámos, com o nosso Planeta, da centralidade do Universo para mais não sermos do que uma poeira insignificante e invisível que, qual neutrão, rodopia numa imensidão que nos ultrapassa.
Depois chegou-nos o conhecimento da esmagadora velocidade a que a luz se propaga (300.000 km/s) e os muitos milhares de anos-luz que separam a nossa estrela, o Sol, da mais próxima estrela, outro “Sol”, e do seu provável sistema planetário…
Com a teoria da Relatividade de Einstein e a sua celebérrima fórmula E= MC2 ficámos atarantados. Que energia será essa, onde estará ela, que permitirá impulsionar uma massa, por exemplo uma nave espacial, à velocidade da luz no espaço inter-estelar, inter-galáctico ou intersideral mesmo privado de gravidade, e mesmo assim levando milhares de anos até ao mais próximo sistema planetário eventual…. Evidentemente só à velocidade do pensamento poderíamos lá chegar…
Para já, com os nossos foguetões a atingirem uns míseros 30000 km/h… E tal impossibilidade de atingirmos outros sistemas solares, muito provavelmente perdurará para as próximas centenas, ou milhares, de anos, pese embora a evolução tecnológica fabulosa que se perspectiva. É verdade que muitas vezes, como não me canso de repetir, a realidade ultrapassa a ficção…
Foi então que os nossos cientistas se puseram a estudar com afinco o nosso próprio sistema solar, uma vez descartadas as míticas aventuras dos marcianos e outros venusianos, para ver onde, ainda que com múltiplas adaptações (Gravidade, O2, Água, Temperatura, Luz…), as nossas espécies vivas, incluindo a humana, poderiam instalar-se e sobreviver caso a vida se tornasse impossível no nosso Planeta.
Entretanto nós, portugueses, tínhamos iniciado, com as descobertas e os achamentos, a grande aventura da globalização do Planeta que, com a evolução tecnológica, hoje é um facto irreversível: nos anos 60 do século XX foi lançado o conceito de “Aldeia Global”…
Com a sedentarização, a melhoria da alimentação, das normas de higiene e os progressos da medicina preventiva e curativa, a explosão demográfica aconteceu. Se em 1900, desde o início da humanidade com as cidades sumérias e mesopotâmicas há uns 10 mil anos, só éramos 1000 milhões de habitantes no planeta, em 1921, quando a minha Mãe nasceu, já éramos uns 2000 milhões e em 1951, quando eu nasci, passámos a ser 3000 milhões. Hoje, já ultrapassámos os 6000 milhões a consumir cada vez mais e a esgotar os recursos do planeta (fontes minerais, energéticas, mares, solos…) e a poluir o ar (atmosfera), os rios e oceanos (hidrosfera) a explorar a terra (fontes minerais, energéticas, solos…) e a arruinar a nossa biodiversidade.
Estes números querem dizer apenas isto: desde o ano em que a minha querida Mãe nasceu a população do Planeta mais do que triplicou e desde que eu nasci mais do que duplicou, com o consumo a disparar tanto na vertente alimentar - mais carne (o que consome muito mais energia para a sua produção: no mínimo 6 vezes mais do que os cereais para o mesmo número de calorias), mais carros, mais televisões, mais computadores, mais telemóveis, mais i-pods…
Tornou-se então necessário, indispensável, calcular a pegada das pessoas, empresas e nações (consumo e subsequente produção do nocivo CO2) para chegar à impossível conclusão, a presente quadratura do círculo: o Planeta não aguenta mais! Tanto mais que os povos dos países emergentes e os outros prosseguirão as suas ambições, estão no seu mais estrito direito, de quererem adoptar o nosso modo de vida e consumo…
Pese embora os vários alertas que os cientistas e os ambientalistas foram dando, sobretudo com o grande grito que foi a Cimeira do Rio, em 1992, e o subsequente Protocolo de Quioto, até à Cimeira de Bali, em 2008, os resultados práticos são manifestamente timoratos e por isso francamente insuficientes.
Perante isto, os grandes centros credíveis de investigação científica mundiais tal como o CNRS (Centre National de Recherche Scientifique) em França, cuja seriedade melhor conheço, devido à minha formação francófona, já estão a elaborar estudos concretos quanto à necessidade e possível viabilidade da evacuação dos habitantes do Planeta Terra, num período de 100 a 300 anos. Calcula-se que será possível evacuar um máximo de um milhão de pessoas (será difícil incluir um português a menos que entre disfarçado de norte-americano ou chinês…), para os únicos três lugares possíveis do nosso sistema planetário: a Lua, Marte e uma lua de Júpiter chamada Europa… E mesmo assim talvez antes se revele indispensável ir-se viver para o fundo dos Oceanos…
Pois bem, é perante esta situação bem real, que já não é de ficção, que têm surgido acções extremamente pertinentes e louváveis como o Projecto 350.org liderado por Bill McKibben, um movimento de cidadania global para alertar e combater o problema do aquecimento global e o movimento “Condomínio da Terra”, de que me orgulho ser um dos Embaixadores.
O movimento “Condomínio da Terra” www.condominiodaterra.org deu o seu verdadeiro pontapé de saída na cidade de Gaia, nome da deusa Terra, na mitologia grega, dia 4 e 5 de Julho de 2009 e contou com a participação de nacionais, nos quais me incluí, e estrangeiros, que se preocupam seriamente com o advir do nosso planeta.
Este projecto, coordenado pelo Dr. Paulo Magalhães, honra lhe seja feita pelo extraordinário mérito da iniciativa, conta com os patrocínios da Quercus, Comissão Nacional da UNESCO, Câmara Municipal de Gaia e outras entidades públicas e empresas cidadãs que felizmente entenderam a positiva mensagem e acção que esse movimento pretende concretizar: a nossa Terra como condomínio global que, à semelhança de qualquer imóvel, tem áreas comuns, de que todos são co-responsáveis pela conservação e preservação. No caso da Terra: a Atmosfera, a Hidrosfera e a Biodiversidade! Simples, não? Mas genial e com muito para fazer. Esta esperança só será concretizável, e é imperativo que o seja rapidamente, com a empenhada e inequívoca participação dos 3 pilares das Nações e Estados do Mundo! Vamos a isso: não há tempo para mais delongas… É de projectos inovadores e esperançosos como este que precisamos todos e por eles temos o dever de nos empolgar!
O Planeta Terra assim o exige.
 

26
Jun09

Pela Cidadania

Fernando Nobre

As instituições da Sociedade Civil não estão lançadas na conquista do poder - conceito cada vez mais ilusório, efémero, diluído, relativo e pouco substantivo no mundo actual - mas estão, sim, empenhadas numa cruzada pelo reconhecimento sem ambiguidades da utilidade e mesmo da indispensabilidade de uma sociedade civil organizada, forte, credível, transparente, participativa, exigente, frontal, coerente, empreendedora, activa e atenta, em Portugal como no resto do Mundo.

 

De facto, a implicação sistemática da Sociedade Civil organizada nos processos de decisão de assuntos que dizem respeito à vida dos cidadãos, é decisiva, se quisermos um Portugal, uma Europa e um Mundo aberto e democrático que, efectivamente, pretenda, e talvez consiga, erradicar a pobreza e promover um desenvolvimento sustentado e durável para todos.

 

É este, hoje, o novo paradigma de sociedade pelo qual lutamos democraticamente pois estamos perfeitamente conscientes e convictos de que, sem uma Sociedade Civil atenta e participativa, não há Cidadania plena, não há Democracia duradoira, não há Desenvolvimento harmonioso.

 

Disso também as Nações Unidas estão cientes quando tentam incentivar e implementar o conceito de “Diplomacia Democrática” que mais não é do que o indispensável diálogo activo e construtivo entre Sociedade Civil, Governos e Nações Unidas, na expectativa de que as decisões tomadas, nomeadamente nas Assembleias Gerais, sejam seguidas de implementação e não se acumulem em arquivadas e inúteis resmas legislativas que só contribuem para a Globalização Armadilhada em curso.

 

Pessoalmente e em nome da AMI, creio sinceramente que só uma Sociedade Civil forte, politicamente independente e, por isso, obrigatoriamente, financeiramente independente, pode fazer ouvir a sua voz sobre temas candentes que condicionam o futuro da Humanidade, contribuindo assim decisivamente para a perenidade da Democracia que é, convenhamos, o bem mais precioso que a Humanidade alcançou um dia.

 

Não estamos à procura da usurpação do poder dos órgãos democraticamente eleitos nem de protagonismos fúteis e estéreis mas sim, prontos a darmos um contributo, que pensamos ser positivo, na procura das soluções para os problemas que nos afligem, sejam eles nacionais ou globais.

 

O que nós pretendemos e ousamos até exigir, em nome da Sociedade Civil Portuguesa e Mundial e das centenas de milhões de seres humanos que diariamente são vítimas da globalização economicista e autista em curso, pese embora a violentíssima crise que abalou a economia de Mundo e cujos efeitos sociais e políticos ainda não são conhecidos em toda a sua amplitude, é uma globalização com marcadas preocupações humanas, sociais, ambientais e culturais, em que os direitos humanos, enfim respeitados, possam andar de mãos dadas com uma maior equidade no que diz respeito a uma melhor redistribuição da riqueza, dos cuidados de saúde e dos alimentos assim como a uma boa acessibilidade à educação, à cultura e à água para todos!

 

Para nós, é de todo impensável e inaceitável que a Humanidade continue a trilhar, por mais 30 anos, o mesmo caminho intolerante, indiferente e autista que vem percorrendo nas últimas três décadas sob a batuta feroz e cega de uma economia liberal selvagem, unicamente preocupada com o lucro fácil e o seu deus-mercado que tudo parece condicionar e justificar, esquecendo-se das suas responsabilidades sociais, morais e éticas. Tal evolução, a ser mantida, não seria compatível com a sobrevivência da Humanidade! Os senhores de Davos e os governantes têm que entender esta evidência!

A nossa visão do Mundo é partilhada por milhares de organizações espalhadas pelo mundo, com preocupações humanistas e sociais, actuantes, que sonham e trabalham para a construção de um mundo melhor e até já ousam falar da necessidade de uma cidadania planetária participativa e actuante.

 

O perdão da dívida dos países em desenvolvimento e o congelamento das contas bancárias astronómicas dos seus corruptos e insensíveis governantes, a defesa das mulheres no mundo, a luta pela democracia participativa em todos os países, mesmo nos actualmente ditos democráticos, o fim dos regimes ditatoriais e corruptos, a luta pela salvaguarda do meio-ambiente, o fim do trabalho e da prostituição infantis, o fim da violação dos Direitos Humanos, a luta sem tréguas contra as doenças esquecidas (nomeadamente a Sida, a malária, a tuberculose), o fim das manipulações genéticas dos alimentos, o fim das crianças-soldados, o fim das armas biológicas, nucleares e químicas, sejam elas “empobrecidas” ou não, continuarão a ser, entre muitas outras, a razão da luta sem quartel que os movimentos da Sociedade Civil Mundial continuarão a travar em prol do Ser Humano, até que sejam ouvidos!

 

Que ninguém tenha dúvidas a esse respeito: o movimento de mudança começado em Seattle e organizado em Porto Alegre não tem retorno e far-se-á pacificamente, espero, ou senão, violentamente, bem o receio.

Estou convicto, como li algures, que o optimismo da vontade ainda se pode sobrepor ao pessimismo da razão. Este é o meu sonho, possivelmente e provavelmente o vosso também, mas sei que só é possível atingirmos esse objectivo se estivermos juntos.


Notas:

 

a) De notabilizar o lançamento, pelas Nações Unidas, da oportuna e indispensável iniciativa “Condomínio da Terra” (salvaguarda dos espaços comuns do Planeta Terra: atmosfera, hidrosfera e biosfera), do qual sou um dos Embaixadores em Portugal.

 

b) Sábado, dia 27 de Junho, estava previsto decorrer um jantar de gala, seguido de leilão de obras de arte, a favor da AMI, no Porto. Foi cancelado, por ter havido demasiadas desistências quanto às presenças. Dizem-me que terá tido a ver com as minhas opções pessoais, enquanto cidadão, durante a campanha para as eleições europeias, o que muito lamento. Felizmente, ainda há Pessoas que sabem separar o trigo do joio e compreender o outro para além do juízo de valor fácil e gratuito… o Doutor Mário Soares convidou-me para apresentar o seu último livro, mesmo sabendo da minha opção pessoal nas eleições europeias; no próprio dia 27 de Junho (amanhã) receberei a medalha de ouro da cidade de Vila Nova de Gaia, atribuída pela Autarquia, presidida por Luís Filipe Menezes; e da parte dos meus ilustres e queridos Amigos Dra. Leonor Beleza, Prof. Doutor Adriano Moreira, Senhor Dom Duarte Pio e Senhora Dona Isabel de Herédia não senti a mínima alteração na relação de profunda amizade e respeito que mantemos. 

Admitir a diferença, e respeita-la, é o valor basilar da Paz e de uma Cidadania esclarecida.

 

c) Sei que tenho estado bastante ausente deste espaço. E não posso prometer que nos próximos tempos vá ser diferente… Em Julho estarei em “retiro”, durante duas semanas, para estruturar e alinhavar o meu próximo livro, que consistirá num conjunto de reflexões pessoais sobre o actual estado do Mundo, seus problemas e, quanto a mim, caminhos a seguir. Perdoem-me os que acharam que este blog teria uma outra cadência. É, isso sim, inversamente proporcional ao ritmo da minha vida…
 

13
Abr09

O Cidadão Fernando Nobre

Fernando Nobre

Ultimamente tenho constatado que me é difícil ser aceite como um “simples cidadão” que sou porque, aparentemente, colou-se-me o estatuto de “figura pública” embora nunca o tenha pretendido e, devo dizê-lo, até me incomoda.

 

Já antes de ter fundado a AMI há 25 anos, tinha eu então trinta e dois anos, e desde há muito era Cidadão, consciente dos seus deveres e dos seus direitos. Como tal, tenho recusado terminantemente deixar de ser o cidadão que sempre fui: foi essa postura que me levou, em Portugal, a tomar posição política pública em três ocasiões, como consta claramente no “meu perfil”, neste blog.


Àqueles que me criticam violentamente por dizer o que realmente penso sobre certos acontecimentos (guerras EUA – Iraque e Israel - Palestina), pessoas (Senhores Bush, Blair, Aznar, Durão Barroso…) ou por tomar posições políticas ao apoiar quem eu decido apoiar (2002: Dr. José Manuel Durão Barroso e PSD - 2006: Dr. Mário Soares e PS - 2009: Dr. Miguel Portas e BE), quero dizer claramente que em cada uma das ocasiões o fiz porque, genuinamente, acreditei que estava a tentar ser útil para o meu País ou para a Europa. SEMPRE O FIZ, COMO NÃO PODERIA DEIXAR DE SER, SEM NUNCA PEDIR OU ESPERAR FAVORES, FOSSEM ELES QUAIS FOSSEM, AO CONTRÁRIO DO QUE ALGUNS INSULTUOSOS COMENTÁRIOS DEIXAM ENTENDER!


Os mesmos que hoje me insultam por ter ousado dizer o que de facto penso sobre o Presidente da Comissão Europeia, são seguramente os mesmos que me incensaram, enquanto outros me criticavam (como, por exemplo, o meu Caro e Digno Amigo Barros Moura, infelizmente já desaparecido, me exprimiu por telefone), quando o ajudei a tornar-se Primeiro-Ministro de Portugal em 2002!


Para quem ler o “meu perfil” neste blog, ou a intervenção que na altura fiz na Convenção do PSD no Coliseu de Lisboa, em Fevereiro de 2002, e que publiquei no meu livro “Gritos contra a Indiferença” e neste blog, perceberá facilmente quando e como o apoiei (teve na altura destaque informativo na VISÃO e no DN, entre outros).


Por ter dito mais ou menos o que muitas outras figuras públicas, e com muito mais notoriedade, já tinham dito antes de mim (Miguel Cadilhe, Mira Amaral, Miguel Sousa Tavares, Ana Gomes, Mário Soares…) caiu o Carmo e a Trindade na blogosfera, e ao telefone com inclusive ameaças de retaliação financeira, corte de donativos, sobre a inocente AMI e quem ela apoia…


Assim sendo passo a explicar o porquê de ter dito o que disse: nunca aceitei, não aceito nem nunca vou aceitar que a pessoa que objectivamente apoiei para ser Primeiro-Ministro do meu País o tenha abandonado como o fez, fugindo lamentavelmente para Bruxelas, após o ter colocado na infamante reunião, e fotografia, da Base das Lajes que serviu de luz verde ao repugnante massacre no Iraque (que dura há seis anos!) e à sua “promoção” para Bruxelas…
 

Não aceito nem nunca vou aceitar que a pessoa que tanto elogiou e deu cobertura, até ao fim, aos desvarios do Senhor Bush tenha afirmado, em entrevista a um grande jornal português, há cerca de um ano, que dorme como um bebé, o sono dos justos, que venha hoje tentar fazer crer, sem nunca ter apresentado qualquer desculpa ou arrependimento, que nada tem a ver com uma tragédia que já vitimou entre 300 mil e 1 milhão de seres humanos no Iraque e que se apresente hoje como defensor e apologista das políticas do Senhor Obama quando elas são exactamente opostas às do seu directo antecessor, de quem o então Primeiro-Ministro de Portugal, o actual Presidente da Comissão Europeia, sempre foi seguidista e subserviente. Onde está a verticalidade, a postura e a coerência de um ser, ainda por cima quando se pretende projectar como estadista?


Para alguém como eu que há 30 anos convive com o sofrimento e o horror tal é insuportável!

 

E nada tem a ver com partidos políticos (no PSD, nomeadamente, orgulho-me de me considerar há muitos anos amigo dos Drs. Fernando Nogueira, Leonor Beleza, Teresa Gouveia, António Capucho, Luís Filipe Menezes, Alarcão Troni… e de ter sempre tido o maior respeito e consideração pelo Professor Cavaco Silva). Tem a ver simplesmente com dignidade, coerência, coluna vertebral e honra. Só isso e apenas isso!


O cidadão Fernando Nobre sempre apoiou, pagando sempre por ter essa ousadia, quem quis apoiar sem nunca nada negociar, pedir ou receber em troca.


O cidadão Fernando Nobre arroga-se, por isso mesmo, o direito inalienável e indeclinável de criticar atitudes que entende indignas e que magoam a sua consciência de ser humano e de português.


Quem quiser entender que entenda. Quem não quiser, apenas posso lamentar! Penitencio-me no entanto desde já se as minhas palavras, pronunciadas num certo contexto, provocaram algum sofrimento, embora certamente muito menor do que o sofrido pelos portugueses quando o seu Primeiro-Ministro fugiu para Bruxelas e pelas centenas de milhares de feridos, torturados e mortos iraquianos e americanos que padeceram e continuam a padecer numa guerra que tem nomes e rostos responsáveis!


É o que penso como cidadão. A AMI nada tem a ver com isso como nunca nada teve a ver com os apoios políticos que dei até hoje, como cidadão independente, a começar, repito, pelo apoio que dei ao actual presidente da Comissão Europeia quando participei na Convenção do PSD no Coliseu de Lisboa, em Fevereiro 2002, que o levou a Primeiro Ministro de Portugal.

Espero que o que fica aqui explanado ajude a esclarecer, embora possa não o justificar, certas afirmações que tenha feito.

 

Muito Obrigado.


PS: Nos próximos 10 dias estarei no Mali e desde já lamento não poder comunicar convosco. Retomarei o dialogo quando voltar…

 


 

29
Mar09

A crise sistémica: algumas das minhas certezas...

Fernando Nobre

Posso desde já afirmar algumas certezas, pese embora as dúvidas e inquietações que me assolam, sobre o que nos está a acontecer e sobre o que poderá advir, em Portugal e no Mundo, se não soubermos reagir…

 

Algumas certezas:


- Sem o restabelecimento da insubstituível CONFIANÇA entre os cidadãos, os governantes, os empresários e o sistema financeiro, vulgo banca, será de todo impossível sair-se da presente espiral negativa criada pela ganância e a irresponsabilidade de uma certa “liderança” enferma de egocentrismo e indiferença.


A desconfiança hoje profundamente enraizada em todos os quadrantes da sociedade é o factor decisivo que condiciona negativamente tudo o resto.


Sem se tomarem as decisões imprescindíveis e urgentes na política e na justiça (regulamentações diversas, julgamento rápido dos prevaricadores e imediata confiscação de todos os seus bens, estejam onde eles estiverem, em seus nomes ou não…), decisões que devem ser vistas como essenciais par a salubridade ética e moral de uma sociedade e de um sistema financeiro completamente pervertidos porque engendrados por mentes enfermas de ganância, sem o mínimo bom senso, e desconectadas da realidade, a CONFIANÇA não regressará e então nada será possível. Nem em 2009, 2010, 2011, ou 2012…


- A derrocada em curso já provocou pelo menos o surgimento de mais duas centenas de milhões de pobres no Mundo: nos países mais pobres mas também no seio dos países até agora definidos como ricos ou desenvolvidos. A esse respeito a procissão só agora chegou ao adro e mais centenas de milhões de pobres e de miseráveis surgirão até que se consiga estancar a hemorragia do desemprego e da desesperança.


– Sem uma MUDANÇA RADICAL DO PARADIGMA sobre o qual se alicerçou a Sociedade Humana vigente, há décadas ou mesmo há séculos, não há saída sustentável para a actual crise sistémica. Se essa MUDANÇA PROFUNDA DE COMPORTAMENTOS não ocorrer, e quanto mais depressa melhor, podemos estar certos que a instabilidade financeira, económica, social e política irá agravar-se e desembocará numa crise de regime profunda em todo o Mundo que gerará conflitos globais, sociais e militares, tremendos.


Não é por acaso, meus amigos, que se assiste desde já a manifestações da fome e que todas as grandes potências têm em curso aumentos orçamentais brutais e acelerados para o reforço e a modernização dos seus arsenais bélicos: algo de extremamente grave está em gestação.


Os “líderes actuais” responsáveis da “Ideologia Económica do Desastre”, por convicção ideológica ultraliberal, por subserviência ou demissão perante o desregulado poder financeiro ou por mera ganância ou incompetência, não pensem que bastará apenas fazer uma superficial cirurgia estética (para povo ver e ser ludibriado), para continuarem, ficando tudo na mesma, a actuar como fizeram até hoje!


Tal não será exequível, pois não só é anunciadora de desastres ainda mais profundos mas também porque os povos já não querem mais esse sistema gerador de profundas desigualdades e de indizível sofrimento. Repito: vai ser necessária uma MUDANÇA RADICAL DE PARADIGMA DAS MENTALIDADES, DAS POLÍTICAS E DOS GOVERNANTES A TODOS OS NIVEIS. UMA NOVA SOCIEDADE ESTÁ EM MARCHA E É IMPARÁVEL. QUEM AINDA NÃO ENTENDEU ISSO NÃO PERCEBEU NADA, NÃO OLHA PARA O FUTURO E ESTÁ A QUERER MERGULHAR-NOS NO ABISMO.
CABE DESDE JÁ, OU CABERÁ MUITO EM BREVE, À SOCIEDADE CÍVIL MUNDIAL SOLIDÁRIA ERGUER A MURALHA CONTRA A DESGRAÇA.


- Os mercados terão que ser muito mais regulados, as Off Shores (paraísos das fraudes e outras evasões fiscais) terão que ser banidas, os Estados vão ter que controlar os pilares mestres do seu sistema bancário, segurador, energético e hídrico (e não abrir mão evidentemente dos seus sistemas de segurança interna e externa assim como das suas relações exteriores…), e será necessário regulamentar com um mínimo de ética e bom senso as obscenas disparidades actuais nos salários (e outros bónus) e nas reformas!


- É urgentíssima a estabilização do Mercado e o fim dos cortejos de despedimentos, dos layoff e dos trabalhos precários, causas, senão mesmo sinónimos, de maior pobreza e miséria. É agora porque em 2010, 2011 ou 2012 já será tarde demais porque com o rebentamento das Bombas Sociais o equilíbrio societário será rompido com consequências imprevisíveis!


O expoente máximo dessa miséria humana reflecte-se nas situações, verdadeiramente dramáticas, vividas pelos sem-abrigo. A AMI sabe alguma coisa a esse respeito pelo acompanhamento que faz dessa problemática (com os seus 9 Centros Porta Amiga e os seus 2 Abrigos para os sem-abrigo), há já 15 anos no nosso País!


É pois urgentíssimo o combate estruturado e sem tréguas à pobreza. Há anos que falo e escrevo sobre essa matéria. Temos de fazer do combate à nossa pobreza, a nossa grande vergonha colectiva, uma verdadeira CAUSA NACIONAL (e GLOBAL!). Afirmei-o ainda recentemente perante o Senhor Presidente da República, Professor Cavaco Silva, o qual, na sua conferência de imprensa, no final da honrosa visita que fez às instalações da AMI na cidade do Porto, por ocasião do seu 5º Roteiro para a Inclusão, também salientou a necessidade desta Causa Nacional.

 
Meus Amigos, estas são algumas das minhas certezas, ou das minhas “verdades”, que convosco quis partilhar.

 

24
Mar09

A actualidade em 2059

Fernando Nobre

Hoje, para ser diferente, publico um texto que escrevi para o Rádio Clube Português (e que foi debatido ontem das 16h às 17h) sobre a actualidade em 2059. É um texto, obviamente, futurista. Mas é o resultado de um desafio lançado por aquela rádio e que me deu algum prazer integrar. Porque considero que, muitas vezes, o que falta aos dirigentes é uma visão de longo prazo, o ir mais além e projectar as decisões de hoje, numa realidade do amanhã.

 

Aproveito para vos dizer, meus amigos, que irei ao Senegal na próxima semana, pelo que estarei, outra vez, um pouco ausente... e que no dia 6 de Abril, pelas 18h30, apresentarei, no Teatro São Luiz, juntamente com a Dra. Ana Gomes, o próximo livro do Doutor Mário Soares, amigo que muito estimo, "Um Mundo em Mudança" - Uma nova era de mudança está a começar.

 

 

É muito difícil, quase impossível, tendo em conta o número de variáveis que podem influenciar a História e a aceleração brutal da revolução global em curso (que atinge todos os paramentos da condição humana), prever a actualidade em 2059. Nessa altura já cá não estarei para poder ser confrontado com os meus vaticínios…
Em 2059, ultrapassado e vencido um longo período tenebroso da História da Humanidade, prevejo que se perspective já uma nova Aurora para todos os seres humanos do nosso planeta, a Terra.
Durante o período das trevas (1980 a 2040), iniciado por um desnorte intenso do paradigma civilizacional surgido nas duas últimas décadas do século XX, os seres humanos na sua globalidade assistiram, pagando um elevadíssimo preço em sofrimentos, isolamento, miséria e morte, ao cavalgar frenético dos novos cavaleiros do apocalipse: Indiferença, Intolerância, Ganância e Irresponsabilidade.
Foram esses cavaleiros que durante cerca de 60 anos conduziram a Humanidade para o desnorte e o quase apocalipse total. Tal só não se concretizou devido ao surgimento, fortalecimento e acção de uma Cidadania Global Solidária apostada em implementar e alastrar a solidariedade, liberdade e ética a todo o planeta.
O encadeamento dos acontecimentos durante esse período negro foi assustador e resultou em inúmeras crises, guerras, genocídios. As causas foram: desregulamento total do mercado; ultra liberalismo selvagem; submissão e subserviência das políticas governativas e seus governantes às poderosíssimas e descontroladas forças financeiras; produção e consumo energéticos predominantemente, quase exclusivamente, dependentes de matérias fósseis muito poluentes do Ambiente; continuada corrida aos armamentos e aos confrontos bélicos.
Durante esse período negro, durante o qual morrerei, as forças positivas da Cidadania Global Solidária foram-se consolidando e consciencializando mas só por volta de 2040 se tornaram decisivas impondo a nova fase em que a Humanidade se encontra hoje em 2059. Enfim começa-se a vislumbrar para breve, o alcance das sonhadas metas de desenvolvimento sustentável propostas há tantas décadas. Os oito objectivos do milénio, definidos e aprovados numa cimeira do longínquo ano de 2000, serão uma realidade em 2055. As energias renováveis limpas já representam 80% do total das energias produzidas e representarão 100% em 2060, o que vai permitir impedir o agravar do desgaste ambiental sofrido durante os últimos 150 anos e garantir a salvação do nosso planeta para os próximos séculos.
O sistema financeiro, enfim regulado e eficientemente fiscalizado, está ao serviço e ao dispor do bem comum estando as offshore e a especulação sobre matérias essenciais proibidas.
O arsenal atómico foi destruído e instalou-se uma moratória para o fabrico de armamento convencional para os próximos 50 anos. O sistema Jurídico Internacional foi reordenado com novas organizações globais verdadeiramente democráticas, que substituíram os caducos NU, FMI, BM, OMC, OCDE …, ao serviço da Paz, dos Direitos Humanos, do Ambiente e do Desenvolvimento Global.

Em resumo: Por volta de 2040 estaremos a sair do período das trevas, onde já estamos e que se irá agravar nas próximas três décadas com tremendas crises que abalarão as Democracias (crises financeiras, sociais, políticas, militares…), para em 2059 começarmos a entrar num novo ciclo de Paz e Harmonia: a nova Aurora tão desejada pela esmagadora maioria dos povos do nosso planeta.


19
Mar09

Nota pessoal

Fernando Nobre

 

Meus Caros Amigos,

 

circunstâncias de vária ordem obrigam-me a estar, por enquanto, um pouco apartado do meu assíduo contacto convosco por intermédio deste meu blog.


Estou convicto que, normalizadas estas passageiras perturbações (saúde), regressarei em breve, com a mesma regularidade e força, aos profícuos contactos que mantive convosco até hoje.


Em breve escreverei sobre a Guiné - Bissau que muito amo, e onde a AMI está há quase 22 anos, e sobre a Água e o nosso futuro colectivo…


Até lá, não me levem a mal, partilharei convosco reflexões que escrevi há já algum tempo mas que, considero, mantêm toda a sua razão de ser. Não sinto nenhum orgulho em ter tido razão antes do tempo. Quem me dera que me tivesse enganado redondamente em matérias com as quais apenas agora, de repente, os ditos grandes “líderes” europeus e mundiais se começam a preocupar, aparentemente, e sobre as quais vão tomando medidas insuficientes à espera de melhores dias para voltarem a fazer mais do mesmo.


Enquanto não entenderem que o que está verdadeiramente em causa é uma imperiosa e profunda necessidade de mudança do paradigma das relações entre os seres humanos, nada será duradouro e as crises se sucederão com o seu infindável cortejo de sofrimento para muitas centenas de milhões de seres humanos.


Temos que apostar nos Valores Universais, tais como Amor, Ética, Equidade, Justiça, Tolerância, Perdão, Solidariedade, Fraternidade, Dignidade, Honra, Civismo…sem os quais nada será possível nomeadamente o restabelecimento da insubstituível e indispensável Confiança entre os Cidadãos, o Estado e o Mercado.


Era já essa a tónica da minha intervenção, que publicarei no próximo post, aos jovens Escutas há já quase onze anos! Oxalá algo se tenha enraizado nas mentes de alguns jovens das largas centenas que na altura me ouviram…
 

06
Mar09

Eis o tempo de reagir!

Fernando Nobre

É chegado o tempo da acção e da opção: sempre pela Positiva!
Pois a Esperança não pode morrer!

 

É sabido que estamos a viver tempos muito difíceis e que os próximos, 2010- 2011…, serão provavelmente ainda mais duros.
Sabemos que o ultra liberalismo selvagem, erguido como novo “deus” inquestionável e dogmático, foi o errado paradigma de sociedade que enfermou boa parte das mentes das “elites” políticas, económicas e financeiras que governaram o nosso Mundo nas últimas décadas.


Esse sistema que estava errado nas suas premissas, a boa auto-regulação dos mercados e a correcta redistribuição da riqueza produzida, e que favoreceu de forma medonha o egoísmo feroz e o ego doentio da esmagadora maioria dos seus mentores e executantes, provocou uma derrocada de dimensões ainda inimagináveis.


Porque indiferentes perante a miséria e o sofrimento da maioria significativa da população do nosso planeta, esses “líderes” dos Direitos, e apenas e só dos Direitos, entraram em levitação estratosférica, eufórica e irresponsável, drogados e dopados por todos os produtos tóxicos que criaram, sem os controlar, e pelas engenharias financeiras que engendraram conscientemente para justificarem os seus obscenos salários e miríficos bónus. A infernal espiral estava montada e tinha que ruir, como ruiu, agravando terrivelmente a exploração, o sofrimento e a morte dos mais frágeis no Mundo.


Estamos nesse ponto e caímos num poço que parece não ter fundo. O sistema ruiu de podre e exige ser substituído, e não remendado depressa e toscamente...


Atenção: querem-nos fazer crer, os mesmos que puseram o Mundo num caos e com isso se enriqueceram imenso, criando e beneficiando-se de todo esse desvario, que tudo tem solução com umas pequenas operações plásticas, um pouco de ervanária e muita acção de mau malabarismo. Errado!, como já grito há pelo menos dez anos.


Temos, TODOS, de criar um novo paradigma de Sociedade HUMANA, com novas políticas e novos políticos sempre supervisionados pelos CIDADÃOS.


Na Europa, e em todos os países, tal como aconteceu com Obama nos EUA, pese embora as resistências e limitações existentes à indispensável MUDANÇA que ele tenta introduzir, temos que encontrar NOVOS POLÍTICOS capazes de implementar NOVAS POLÍTICAS mais solidárias, corajosas, éticas e transparentes, e capazes de traçar novos rumos a fim de que possamos sair do charco lamacento e desesperante onde estamos.


Os actuais líderes europeus estão comprometidos, até ao tutano e à exaustão, com o regime que ruiu porque foram eles que o criaram, impulsionaram, defenderam ou permitiram até há bem poucos dias. Lembram-se? Para mim eles JÁ não servem porque não merecem CONFIANÇA, por não terem a mínima CREDIBILIDADE e porque tenho as mais sérias dúvidas da sua genuína vontade e capacidade em serem os agentes da mudança que o Mundo reclama. Não são capazes: é uma questão de coluna vertebral!


Então, o que nos resta? O desespero total? NÃO, nada disso.


Restamos NÓS, OS CIDADÃOS, com o DEVER indeclinável de agarrarmos o nosso futuro, votando em quem quisermos sem nunca mais permitirmos que os políticos, sejam eles quem forem, usem os nossos votos como cheques em branco e com isso fazerem o que bem entendem sem nos consultar como se fossemos uns débeis ou uns carneiros que se deixam levar docilmente ao abate. Esse tempo tem que acabar de vez ou seremos todos co-responsáveis da destruição das nossas vidas e do nosso Planeta.


Como disse tão bem um dia o Doutor Mário Soares temos o direito sagrado à indignação!


Temos que ter a coragem e determinação:
1º - de exigirmos e conseguirmos desde já, na presente crise, que os responsáveis directos desta tremenda derrocada, sejam eles quem forem, sejam responsabilizados criminalmente, sem apelo nem agravo, e tenham os seus bens penhorados até ao limite dos desfalques (= roubos) feitos ao longo dos últimos anos,


2º - de fazermos compreender aos políticos, presentes e futuros, sejam eles quais forem, que não toleraremos nunca mais que:
- o sentido dos nossos votos seja desvirtuado e que, de ora em diante, exigiremos que os compromissos eleitorais sejam respeitados por eles, uma vez eleitos, e que não abdicaremos de ser consultados sempre e quando matérias de relevante interesse Nacional, ou municipal, estejam em causa (como, por exemplo, nos casos recentes: cobertura política e logística vergonhosa da iníqua guerra contra o Iraque, inclusive os voos da CIA, a ratificação ou não do Tratado de Lisboa, a descaracterização da estação fluvial de Alcântara por contentores…).
- o dinheiro dos nossos impostos seja desbaratado pela corrupção ou projectos desnecessários (ex: 10, dez!, estádios de futebol para o Euro 2004)
 

São apenas exemplos… Poderia escrever muito mais mas seria redundante. Penso que ficou claro o que quero dizer:
TEMOS QUE APERFEIÇOAR A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA COM UMA COMPONENTE, ESSENCIAL, DE DEMOCRACIA PARTICIPATIVA EM TERMOS GLOBAIS E LOCAIS E TEMOS QUE REFORÇAR O CONCEITO E A PRÁTICA DA “CIDADANIA GLOBAL SOLIDÁRIA”, NUMA REDE FORTE E COESA, PORQUE INADIÁVEL E INSUBSTITUÍVEL.


Agora em Consciência e Liberdade totais que cada um vote e actue agora e no futuro como lhe aprouver!
 

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